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Confira exemplos de como a comunidade acadêmica está se mobilizando para conter a pandemia
Publicado em 24/04/2020
Estudantes e professores de diversas instituições de ensino estão se mobilizando para dar suporte à sociedade na prevenção e no combate da covid-19. Os exemplos têm surgido em diversas regiões do país e abrangem desde a produção de equipamentos, a criação de serviços e a realização de pesquisas.
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A Facens, localizada em Sorocaba (SP), montou uma “fazenda” de impressoras 3D para auxiliar instituições e profissionais de saúde. Durante um mês, 14 impressoras 3D e sete profissionais do FabLab do centro universitário produzirão cerca de mil escudos faciais para proteção de médicos e enfermeiros.
Além do Hospital das Clínicas de São Paulo, a Santa Casa de Sorocaba também está sendo beneficiada com o equipamento de proteção, que tem a vantagem de ser reutilizável após higienização adequada. “Vivemos um momento sem precedentes e, por sermos uma instituição reconhecida no setor de tecnologia e no âmbito social, sentimos a necessidade e o dever de contribuir de alguma forma”, explica Paulo Roberto Freitas de Carvalho, reitor da Facens.
O projeto de produção de escudos faciais na instituição está sendo liderado pelo coordenador do FabLab da Facens, Antoni Romitti, e seu time. A iniciativa também tem a colaboração de Karen Abrão, responsável pela área de saúde e tecnologia em saúde do centro universitário e da instituição de ensino mineira Newton Paiva, que contribuiu para ajustes no design do dispositivo.
“A ideia inicial é produzir ininterruptamente durante um mês, para então avaliarmos a necessidade dos hospitais de receber mais unidades. A prioridade agora é entregar os escudos faciais dentro das normas de segurança, trabalhando com a capacidade máxima das nossas impressoras a fim de disponibilizarmos as peças da forma mais ágil possível”, afirma Romitti.
A PUC-PR está envolvida em projeto semelhante. Mais de 500 unidades de escudos faciais e óculos de proteção foram produzidos no laboratório de protótipos 3D da Escola de Arquitetura e de Belas Artes. Com apenas um voluntário no local, a instituição consegue produzir um equipamento a cada 2,5 minutos. O material está sendo doado para o Hospital Universitário Cajuru e para o Hospital Marcelino Champagnat, que atendem casos suspeitos da doença em Curitiba. Em breve, doações também serão realizadas para o Hospital do Trabalhador, também localizado na capital paranaense.
“Esses materiais são recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e fundamentais para que os profissionais da saúde não fiquem expostos ao novo vírus e consigam seguir realizando seu trabalho no combate à doença “, explica Cristina Baena, professora da PUC-PR e coordenadora do Centro de Estudo, Pesquisa e Inovação dos Hospitais do Grupo Marista (CEPI).
Já dos laboratórios do curso de Farmácia da PUC-PR saem 35 litros de álcool em gel por dia. Eficaz para a higienização e prevenção do coronavírus para colaboradores da PUC-PR, eles também são doados aos hospitais da cidade.
Os estudantes de Farmácia do grupo Ser Educacional (Uninassau, Uninabuco, Unama, Univertias, UNG e Uninorte), por sua vez, produziram mais de 500 litros de álcool en gel para doar aos colaboradores e à população do entorno dos campi. “Num momento como esse, temos que unir forças com o poder público em prol da vida”, declara Jânyo Diniz, presidente do Ser Educacional.
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A comunidade acadêmica também mostra mobilização no campo das pesquisas. A Universidade Federal de Pelotas (UFPel) vai analisar a evolução da infecção da covid-19 na população gaúcha. Com apoio do Instituto Serrapilheira, que destinou R$ 1 milhão para o estudo, os pesquisadores vão estimar o percentual de pessoas infectadas com o SARS-CoV-2; determinar o percentual de infecções assintomáticas ou subclínicas; avaliar os sintomas mais comumente relatados pelos infectados; analisar a evolução quinzenal da prevalência de infectados no estado por um período de 45 dias; fornecer estimativas do percentual de infectados, permitindo cálculos precisos da letalidade da doença; e estimar a sensibilidade e a especificidade do teste rápido.
Serão testadas e entrevistadas, ao todo, 18 mil pessoas no estado. O projeto também conta com a participação das seguintes instituições: Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Universidade Federal do Pampa (Unipampa).
“Conhecer o percentual da população que já foi infectada, a velocidade com a qual a infecção se propaga e o percentual de infectados que são assintomáticos ou têm sintomas leves é muito importante para o planejamento das ações de controle da pandemia”, destaca o epidemiologista Bernardo Lessa Horta, um dos pesquisadores responsáveis pelo projeto.
Outro exemplo interessante vem do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação da Universidade de São Paulo em São Carlos, onde nasceu o CheckCorona. Por meio do WhatsApp, um atendente automático inteligente fornece informações e orienta pacientes sobre os sintomas da covid-19, realizando uma espécie de pré-triagem.
O assistente pergunta à pessoa sobre seus sintomas e traz informações sobre os procedimentos necessários, como isolamento, testagem e busca por auxílio médico em unidades de saúde. As recomendações foram baseadas nas formuladas pelo Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças.
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