NOTÍCIA

Ensino edição 225

As ideias inovadoras dos alunos de graduação

Estudantes apresentam suas propostas em Congresso de Iniciação Científica

Publicado em 05/02/2018

por Marina Kuzuyabu

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Com recorde de inscrições, Conic destaca alunos preocupados em transformar a sociedade e gerar benefícios às pessoas

Matheus Pilon de Moraes tem 23 anos e está no 9º semestre do curso de Engenharia Mecânica. Ele estuda na Universidade Santa Cecília (Unisanta), em Santos, e acabou de desenvolver o protótipo de um produto com grande apelo comercial: uma janela inteligente que fecha automaticamente em caso de chuva e que ainda pode ser acionada por dispositivo celular. Seu público são as pessoas com mobilidade reduzida.

O projeto foi criado enquanto Matheus cursava a disciplina de Mecânica, e foi tão bem-recebido que a professora Sabrina de Cássia Martinez o convidou para fazer iniciação científica. A ideia foi aprimorada e rendeu a Matheus dois prêmios na 17ª edição do Congresso Nacional de Iniciação Científica (Conic), sendo um deles o Prêmio Especial Melhor Trabalho Concluído. O seu estudo foi um dos 2.099 aprovados para compor a programação.

Realizado pelo Semesp no Centro Universitário Ítalo Brasileiro (UniÍtalo), o evento durou dois dias, ao longo dos quais os alunos se revezaram em salas e áreas de exibição para divulgar à comunidade o resultado de suas pesquisas.

Vindos de diferentes cursos e, inclusive, de diferentes cidades, eles trouxeram ideias inovadoras com potencial para se desdobrar não apenas em produtos e serviços, como também em protocolos de melhorias nas áreas em que estão inseridos.

Como exemplo, Bruna Randow e Janaina Araújo, do curso de Fisioterapia da FMU, fizeram uma revisão bibliográfica em torno do tema dos cuidados paliativos em pacientes oncológicos.

A imersão em trabalhos realizados recentemente mostrou às alunas que faltam estudos práticos envolvendo crianças e que os fisioterapeutas têm dificuldade de se expressar claramente com as famílias. De acordo com Bruna, o atendimento prestado às crianças e aos familiares também precisa ser humanizado.

Tanto o trabalho das alunas da FMU como o projeto da Unisanta, para citar apenas dois casos, se encaixam com a percepção de Cecilia Anderlini, mantenedora das Faculdades Integradas de Botucatu (Unifac). Para ela, os alunos participantes do Conic são aqueles que sonham com uma vida melhor para si e para os outros.

Ganhos comprovados

Além de proporcionar ganhos à sociedade, a atividade de iniciação científica (IC) também provoca crescimento pessoal. Na abertura do Congresso, a reitora do UniÍtalo, Priscila Simões, lembrou que os estudantes que aprendem a trabalhar com o rigor científico também aprendem a identificar problemas, a fazer questionamentos e a buscar soluções pelos mais diferentes métodos.

Essa jornada faz com que eles se tornem mais preparados para a vida em sociedade, avalia, pois ganham condições de sair do senso comum e de debater ideias sem se ater a “pré-conceitos”. Essa condição, aliás, é primordial para a própria renovação de ideias, destacou a educadora.

Os alunos que fazem IC também têm algumas vantagens no mercado de trabalho. A 1ª edição do Panorama dos Concluintes do Ensino Superior, realizada pelo Semesp a partir de um levantamento realizado com 1.089 egressos de todo o Brasil, mostrou que eles alcançam níveis hierárquicos maiores na carreira profissional: dentre os pesquisados que fizeram IC, 4,8% deles estão em cargos de diretoria, contra 0,4% dos demais egressos. No nível de gerência, a proporção é de 9,6% contra 2%, enquanto em coordenação e supervisão, a distribuição é de 13,3% contra 9,3%.

De acordo com Rodrigo Capelato, o recorte mostra ainda que há uma ligeira vantagem salarial: 23,1% dos egressos com histórico de participação em IC ganham entre R$ 3 mil e R$ 5 mil, enquanto entre os demais, apenas 20,9% estão nessa condição. Os estudantes-pesquisadores também relataram menor dificuldade para encontrar emprego e tiveram uma promoção salarial mais significativa depois que se formaram (considerando apenas aqueles que já trabalhavam).

Além disso, mais da metade dos que não estão trabalhando está matriculada em programas de pós-graduação stricto sensu, ou seja, continuam pesquisando. Quanto ao perfil dos estudantes que integram projetos de pesquisa, o Panorama mostra que, na rede privada, 64,14% estudaram em cursos noturnos e que a maioria se formou nas áreas de Ciências, Matemática e Computação (24%) e Saúde e Bem-Estar Social (21,9%).

Considerando que os egressos pesquisados tinham até dois anos de formados, ou seja, estavam em início de carreira, é possível supor que as vantagens da iniciação científica sejam ainda maiores na vida dos profissionais mais experientes. Está aí mais uma hipótese para ser pesquisada.

Autor

Marina Kuzuyabu


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