NOTÍCIA
Nas disciplinas de sociologia, artes e física, apenas 25,8%, 39,8% e 41,4% dos professores, respectivamente, possuem a formação mais adequada para ministrá-las; dados são do Censo Escolar 2016
Publicado em 27/03/2017
Em meio a tantas dúvidas sobre a reforma do ensino médio, a maior delas se refere à capacidade de os estados oferecerem todos os itinerários formativos. Isso em parte pelos problemas de infraestrutura, em parte pela oferta de docentes para cada um dos cinco itinerários.
Como mostram os números do Censo Escolar da Educação Básica 2016, divulgados em fevereiro, a formação adequada para ministrar aulas de cada uma das disciplinas é irregular. O dado positivo é que 93,3% dos docentes do ensino médio têm superior completo, sendo 82,9% com superior completo e licenciatura. Mas muitos deles ainda lecionam fora de sua área de especialidade. A disciplina com menos docentes dos grupos 4 (formação superior não considerada nas categorias – veja o quadro abaixo) e 5 (sem formação superior), os menos adequados, é língua portuguesa, com cerca de 7% nesses grupos e 79,3% de licenciados ou bacharéis (Grupo 1) com complementação pedagógica na área. Biologia vem logo a seguir, com 11% nos grupos 4 e 5 e 79,4% no grupo 1.
Química, com 15% nos grupos 4 e 5, e principalmente física, com 17,5% nesses grupos, sendo 9,11% sem formação superior, chamam atenção para a carência de docentes especializados. No caso de física, aqueles com formação adequada (grupo 1) somam 41,4%, melhor apenas que sociologia (apenas 25,8%) e artes (39,8%). Estas duas também têm muitas aulas dadas por docentes nos grupos 4 e 5, 18% e 16,3%, respectivamente.
Língua inglesa, única disciplina também obrigatória a todos além de português e matemática, tem apenas 55,2% no grupo 1. Outros 30,4% têm licenciatura ou bacharelado com complementação pedagógica em outras áreas (grupo 3).
Por fim, quando se olha o mapa do Brasil com os estados e as disciplinas ministradas por professores com formação adequada (verde) e aqueles com formação não apropriada (vermelho), não se pode sempre fazer uma relação direta de causa e efeito entre formação docente e aprendizagem. No caso do Estado de Goiás, por exemplo, com adequação da formação de intermediária para ruim, o Ideb do ensino médio é de 3,8, ficando atrás apenas de São Paulo e Pernambuco (também precisando melhorar a formação), com 3,9. No mínimo, uma questão a ser estudada para a análise de mudanças na formação decorrentes da nova proposta do ensino médio, por áreas do conhecimento.