NOTÍCIA
Alunos e professores de escolas técnicas ajudam na difusão do cinema brasileiro, estimulando a formação de cineclubes e o uso de filmes em sala de aula
Publicado em 10/08/2012
A chegada formal da Rede Brazucah às Etecs de São Paulo teve início em abril, quando representantes de pouco mais de 40 escolas atenderam ao convite para participar de um Encontro de Sensibilização de Professores e saber como seriam as atividades.
De acordo com a dinâmica de funcionamento da Rede Brazucah, o professor responsável oferece apoio às atividades. A tarefa de organizar as sessões – equivalente à montagem de um cineclube – cabe ao aluno, chamado de agente cultural, que recebe uma ajuda de custo mensal de R$ 250. “A inserção desses jovens em um grupo com diversos alunos de outros cursos e escolas mexe positivamente com a cabeça deles”, avalia Cynthia Alario, sócia-fundadora e diretora de desenvolvimento de projetos da Brazucah Produções. “Dessa forma, eles se tornam mais sensíveis às questões culturais do país,” defende.
Realidade
A programação teve início em junho, com dois filmes do cineasta gaúcho Jorge Furtado: o curta O sanduíche (2000) e o longa Saneamento básico, o filme (2007). Ambos possibilitam a discussão da própria linguagem do cinema, pois as tramas envolvem a realização de obras audiovisuais – no segundo caso, por um grupo de moradores de uma pequena cidade gaúcha que não têm nenhum conhecimento técnico.
A experiência já está impactando o trabalho dos professores. Renata Fernandes, professora de Língua Portuguesa e de Inglês na Etec Rodrigues de Abreu, em Bauru, conta que a primeira sessão do projeto foi enriquecedora. “No debate, os alunos falavam de maneira direta sobre o tema do filme [Saneamento básico, o filme], fazendo associações com os problemas locais. Agora, todos me perguntam quando será a próxima sessão”, relata. Renata também aprendeu com a capacitação, em São Paulo, e conta que se interessou em ler e pesquisar mais sobre cinema brasileiro. “Notei que os filmes podem ser usados em diversas disciplinas. Como professora de literatura sempre trabalhei filmes relacionados a obras literárias, mas percebo que esse trabalho com a Rede Brazucah é muito mais abrangente”, diz.
A agente cultural na Etec Rodrigues de Abreu, em Bauru, Evelyn Cristiane da Silveira, diz que esta é a primeira vez que está tendo contato com o cinema nacional. “Por falta de conhecimento e oportunidade só assistia às produções mais famosas e que eram melhor divulgadas. Com esse projeto, consigo ver hoje que o Brasil produz muita coisa boa e não apenas pornografia, como muitos pensam. Me sinto muito bem podendo passar isso para outros jovens”, relata.
Suspensa durante as férias escolares, a programação será retomada em agosto com o curta Tela (2010), de Carlos Nader, e o longa Jogo de cena (2007), de Eduardo Coutinho. Em setembro, a pauta envolve o esporte mais popular do Brasil, com o curta Uma história de futebol (1998), de Paulo Machline, e o longa O ano em que meus pais saíram de férias (2006), de Cao Hamburger, ambientado durante a Copa do Mundo de 1970. No encerramento do circuito de 2012, em outubro, o curta de animação Alma carioca – Um choro de menino (2002), de William Côgo, fará dobradinha com o longa Quem se importa (2010), de Mara Mourão.
“Ao final desse período, faremos um novo encontro de dois dias com todos os participantes para colher os resultados e avaliar o primeiro ano da parceria”, afirma Judith Terreiro, que trabalha na área de Formação e Análise de Currículo do Centro Paula Souza e assumiu a coordenação do projeto. O Centro Paula Souza planeja promover também, no segundo semestre, mais um ou dois encontros sobre linguagem audiovisual para professores, mesmo que suas escolas não estejam integradas à Rede Brazucah.
Se o projeto for novamente aprovado pelo Programa de Ação Cultural do Estado de São Paulo (Proac), existe a perspectiva de ampliar o número de Etecs participantes em 2013.