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Caminho alternativo

Nos EUA, profissionais aposentados passaram a enxergar a carreira de professor como uma alternativa para se manterem ativos e gerarem renda

Publicado em 29/02/2012

por Gabriel Jareta

A ponte que faz a ligação entre a sala de aula e os profissionais “leigos” com mais anos de experiência ou mesmo aposentados pode ainda não ter sido construída no Brasil, mas está cada vez mais sólida nos Estados Unidos. São profissionais graduados em engenharia, química, matemática ou ciências, entre inúmeras outras formações, que passaram a enxergar a possibilidade de continuar a trabalhar e ser útil para a sociedade após a aposentadoria seguindo a carreira de professor da Educação Básica.


Um estudo do National Center for Education Information (centro nacional para a informação em educação), publicado no ano passado, mostra o quanto os chamados “delayed entrant teachers”, ou professores com ingresso tardio, ocupam uma fatia importante entre os docentes que chegam ao sistema educacional. O “Perfil dos professores nos Estados Unidos – 2011” aponta que, entre 2007 e 2008, 146,5 mil novos professores ingressaram para dar aulas nas escolas americanas de ensino fundamental e ensino médio. Desses, 54 mil (pouco mais de um terço) eram esses “tardios”, profissionais com ensino superior que não saíram diretamente da faculdade para a sala de aula. Atualmente, segundo o estudo, os Estados Unidos contam com 3,2 milhões de professores para atender 49,4 milhões de crianças e adolescentes da Educação Básica.


O crescimento do interesse dos americanos em seguir a carreira de professor após a aposentadoria é motivado por vários fatores, entre eles o desejo de desafios, a necessidade de se sentir útil e ativo e, também para complementar a renda, aponta reportagem publicada em setembro de 2011 no jornal The New York Times. Segundo o texto, muitos distritos escolares americanos têm vagas para professores de matemática, ciências, educação especial e inglês como segunda língua – além disso, a demanda por professores está crescendo especialmente em regiões mais pobres das grandes cidades e na zona rural.


Diversas instituições americanas oferecem formação específica para profissionais com curso superior que desejam entrar para o magistério. Os candidatos fazem um curso (em instituições tradicionais ou alternativas) e prestam exames – cada estado é responsável pela própria certificação, o que torna mais ágil o processo para obtenção da licença. O departamento de Educação do governo americano criou até um site (Teach.gov) para dar orientações sobre como e onde obter formação e certificação para se candidatar a uma vaga de professor – a campanha procura abordar também a população falante de espanhol. Por outro lado, dezenas de sites publicam listas de vagas por cidade e especialidade, como em um classificado de empregos. Em tempos de crise, dar aulas se tornou uma opção de emprego estável, relativamente bem remunerado e com vagas em aberto.

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Gabriel Jareta


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