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Notícias

“Não é meu…”

Sobre a arte de desincumbir-se

Publicado em 10/09/2011

por José Pacheco

Primeira situação: o moço havia chegado à sua nova escola nesse dia, expulso de outra e bem recomendado: "é uma criança mimada e desobediente". Quando pendurou o casaco, derrubou dois e não fez menção de os apanhar.
Fui ao seu encontro. Olhei para os casacos caídos. E o moço falou: "não fui eu!"

Fitei-o, calma e insistentemente. O moço voltou à fala: "não são meus!"

Voltei o meu olhar para os casacos. O moço voltou atrás, apanhou-os e pendurou-os nos cabides de onde os tinha arrancado.

No fim da tarde, uma senhora entrou na escola, dirigiu-se ao vestiário, pegou no casaco do moço, atirando um outro casaco ao chão. Não se abaixou para o apanhar.

Segunda situação: portas fechadas, o avião acabava o abastecimento de combustível. A tripulação avisava ser proibido o uso de celulares. Os celulares tocavam e muitos passageiros faziam ouvidos de mercador, ligando para familiares e amigos.
O avião chegou ao final da pista, preparava-se para decolar. A aeromoça insistia: "minha senhora, faça o favor de apertar o cinto da sua filha".

"Ela não deixa colocar o cinto. Não consigo convencê-la."

Quando a mamã insiste – "Vá lá, meu anjinho, deixa mamãe pôr o cinto!"  – apanha uma sonora bofetada do seu anjinho. Encolhe-se. Sorri para a aeromoça: "não vê que é uma criança…"  E, durante toda a viagem, sapatos sujos em cima do assento, a criança premiu o botão de chamada, arrancou e destruiu tudo a que pode deitar a mão. Impunemente.

O avião aproximava-se da manga de desembarque. Três vezes a aeromoça apelou: "por favor, permaneçam sentados até a paragem completa da aeronave". Repetiu o apelo em língua inglesa. Os passageiros levantados não voltaram a sentar-se. Presumo que fossem surdos, ou que não fossem ingleses…

Terceira situação: um jovenzinho de aspecto boçal descalçou-se, inundando o ônibus de um cheiro nauseabundo. Pousou um pé no espaldar do assento à frente. A passageira da frente sentiu o contacto do pé (e do odor), encolheu-se e voltou o rosto para a janela.

A moral da história… Provavelmente, quase todos os protagonistas destes episódios exemplares terão andado na escola. Certamente, os jovenzinhos tiveram pais, parentes e amigos. Educação não tiveram. Quem os ajudou a crescer?
A Hannah Arendt dizia que as pessoas que não quisessem ter responsabilidade pelo mundo não deveriam ter filhos e que "os pais não exercem a sua autoridade e deixam os seus filhos nas mãos de chefetes que os lançam no conformismo e na delinquência". 

A educação deveria começar na "domus" e continuar no seio da escola e da cidade, porque os filhos não nascem com manual para uso dos pais e urge assegurar o preceito de Napoleão: a educação de uma criança começa 20 anos antes de ela nascer. Porém, os infantes são guetizados em instituições de rituais sem sentido e entregues à TV, às consolas de jogos, à internet.

Será  preciso proteger as crianças da demissão das famílias? Ter-se-á de inibir o poder paternal?
A escola pode ser um lugar de reparação dos males da deseducação, quando instituir estruturas de convivencialidade, um permanente e equilibrado diálogo com as famílias. Quando for um lugar onde a autoestima ande a par com a heteroestima, onde cada ser seja individualmente responsável pelos atos de todos os outros. Onde autoridade rime com liberdade e a firmeza possa rimar com delicadeza.


José Pacheco



Educador e escritor, ex-diretor
da Escola da Ponte, em
Vila das Aves (Portugal)



josepacheco@editorasegmento.com.br

Autor

José Pacheco


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