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Liberdade narrativa

Zoe Readhead, diretora de Summerhill, fala sobre o momento da instituição

Publicado em 10/09/2011

por Valéria Hartt


O que mudou em Summerhill desde que a escola foi criada?


A filosofia básica não mudou, mas a cultura foi se transformando. Em 1921, ou mesmo na década de 1980, o fato de a escola estar afastada dos centros urbanos, em Suffolk, oferecia às crianças uma cultura própria e especial. Hoje, elas estão conectadas ao mundo… Computador, celular 3G e assim por diante. Portanto, a separação da escola em relação aos pais, em relação à cultura já não existe. A experiência de Summerhill talvez tenha se enfraquecido um pouco nesse aspecto. Mas a filosofia é a mesma: a criança acorda e pode escolher livremente sua atividade dentro de uma comunidade democrática. São ações que criam reações com o mundo e com as pessoas. Por meio delas, a criança se torna capaz de desenvolver uma personalidade mais autêntica. Pode criar uma narrativa pessoal de desenvolvimento. A reunião democrática e a participação na comunidade são um contraponto a esta independência. A criança pode optar por ir às aulas, brincar ou fazer muitas outras coisas.


Como tem sido a procura?

O número de crianças tem variado ao longo dos anos. Neste momento temos 83 alunos. O máximo que chegamos a ter foram 92.


Summerhill é uma escola para o século 21?

Summerhill é uma democracia direta. É uma comunidade muito coesa. Comunidade e democracia, além de claro entendimento do que seja liberdade pessoal dentro de comunidades democráticas, são ainda mais importantes hoje. Todos os Estados democráticos deveriam adotar a prática da democracia em comunidades como uma parte fundamental do dia a dia escolar. O que é mais importante para um Estado democrático e para as suas crianças do que aprender e entender a verdadeira natureza da democracia, suas vantagens e dificuldades? Há muitas lições e ideias que podem ser aproveitadas na maior parte dos contextos escolares, a partir da experiência de Summerhill.


Em 2000, a escola contestou uma notificação do então secretário da Educação, David Blunkett, numa batalha judicial. O que houve?


O governo contestou o direito de as crianças escolherem livremente as suas ações cotidianas, ou seja, de escolher se queriam ou não participar das aulas. O caso mudou a forma como o governo realiza suas inspeções em todas as escolas da Inglaterra. Em termos gerais, as escolas passaram a se autoavaliar. A principal questão é o que a escola tenta alcançar, objetivo definido pela escola. E depois, verificar se a escola está alcançando as metas a que se propôs.  As escolas passaram a fazer essa autoavaliação. Agora, quando os inspetores chegam para curtas verificações, analisam esse processo. A livre escolha foi, portanto, admitida por meio de uma decisão judicial, de modo que já não é um assunto que pode ser contestado pelo governo ou pelas autoridades educacionais. Foi uma vitória histórica da autonomia escolar.

Autor

Valéria Hartt


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