NOTÍCIA
Aprofundamento em conhecimentos tecnológicos é lição de casa para gestores
Publicado em 24/11/2023
“O passado é uma roupa que não nos serve mais” e, em meio às transformações tecnológicas, é fundamental que a gestão se atente ao direcionamento que as instituições de ensino superior (IES) devem tomar. O investimento em tecnologia se torna essencial para que as IES se mantenham relevantes no mercado, mas a adaptação pode não ser tão fácil, tem a ver com o faturamento e requer mudança de mentalidade.
Para Luana Almeida dos Santos, CTO (Chief Technology Officer) da Somos Young, as IES devem ter um olhar amplo, buscar profissionais adequados e batalhar pela adesão do aluno. “Para conseguir chegar ao sucesso, primeiro se escuta o cliente interno. Na universidade, é o estudante. A instituição deve mesclar isso com o que tem funcionado no mercado, independentemente do setor. Por exemplo, entender o que acontece na vertente de esportes, o que é sucesso para o cliente e adaptar para o setor educacional. Apesar de estarmos falando de educação, o segmento está um pouco atrás. Uma IES deve se atualizar e ouvir, fazer o teste”, defende.
Maurício Garcia, cientista digital, também enxerga a necessidade de um olhar mais abrangente. “Muitas vezes, o dia a dia da instituição consome as energias e faz com que as pessoas só olhem para dentro, para resolver os próprios problemas. Mas é importante entender o que está acontecendo fora, o que as outras instituições e os outros países estão fazendo. Olhar para fora é fundamental para pegar os sinais de mercado e entender o que é risco e o que é oportunidade”, acrescenta.
Régis Wagener Coimbra, diretor sênior da Anthology na América Latina, destaca a necessidade de foco nas instituições. “Algumas IES focam bastante na tecnologia e esse é o diferencial delas. É importante entender qual o enfoque. Se for em tecnologia e a instituição não encontrar nada que a atenda no mercado, deverá pensar em fazer algo personalizado e estar ciente do alto custo”, diz. O diretor chama atenção para a aceleração tecnológica. “Há 15 anos, um software teria uma vida de aproximadamente 10 anos. Hoje, a tecnologia muda tão rápido que se o software não sofrer grandes alterações, dura cinco anos no máximo anos. É preciso encarar a necessidade de se ter um modelo de negócios para tecnologia e desenvolvimento de software”, indica.
Alvaro Venegas, diretor da ENG DTP & Multimídia, fala sobre a importância da instituição implementar ferramentas que auxiliem no aprendizado e cita o “Gêmeo Digital” – tecnologia imersiva que reproduz um ambiente ou objeto físico. “A pessoa pode fazer um caminhar virtualizado sem precisar de óculos de realidade virtual. Isso possibilita ações que hoje são dificílimas. Por exemplo, em uma sala de enfermagem é impossível levar 200 pessoas para conhecer uma UTI, mas o Gêmeo Digital permite que o aluno caminhe no centro cirúrgico até chegar na UTI e ter acesso não apenas ao visual, mas também à especificação de cada equipamento”, diz.
Para se adequar ao mercado, a IES deve investir parte de seu faturamento em meios de atualização constante. “Se a instituição quiser trazer algum tipo de inovação, oferecer algo diferente aos alunos ou mesmo ao seu processo interno, ela precisará de um time interno que suporte a integração, seja com a solução que trouxer de fora ou com o que for desenvolvido por ela. É necessário que uma parte do orçamento seja destinada para tecnologia e inovação”, comenta Régis.
“Tecnologia é uma ferramenta. Se você souber dominar a ferramenta, obterá melhores resultados. As IES e seus gestores devem conhecer melhor a tecnologia para tirar melhor proveito dela”, afirma Maurício Garcia. Segundo o especialista, o conhecimento permitirá que as instituições saibam como desenvolver soluções próprias, comprar soluções de mercado ou combinar as duas coisas.
Além da gestão, o corpo docente também deve estar atento às novas tecnologias. Como lembrado por Fábio Cespi, diretor do Lyceum, o engajamento dos professores com as ferramentas de Inteligência Artificial (IA) ainda é baixo. “Há muito a ser desenvolvido para que a IA seja usada de forma adequada”, pontua.
“A educação tem mudado radicalmente, o que precisa ser feito é o aculturamento e o engajamento dos professores. Não basta entregar a tecnologia e continuar com a mesma estratégia de ensino. O professor deve usar a ferramenta de forma efetiva, o que significa conhecê-la e desenvolver um método eficaz, que traga bons resultados”, completa o diretor.
As discussões foram tema do 15° Seminário de Tecnologia Educacional que aconteceu na quinta-feira, 24 de novembro, no Inteli, em São Paulo. Promovido pelo Semesp, o evento reuniu especialistas para debater recursos educacionais, plataformas, projetos pedagógicos e IA.
*Com a colaboração de Luciana Vertullo