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Instabilidade no MEC provoca atraso no novo Enem

Segundo Maria Helena Guimarães de Castro, presidente do CNE, sem as matrizes de referência a aplicação do novo Enem é impossível

Publicado em 18/08/2022

por Redação

(foto Nicolas Calligaro Revista Educação) Esq. para a dir.: Vera, Esther e Maria Helena. A presidente do CNE afirmou confiança no novo presidente do Inep, Carlos Moreno (foto: Nicolas Calligaro/Revista Educação

O novo Enem entra em vigor em 2024. Só que até o momento ele ainda não foi desenhado por completo. O novo ensino médio já é lei, traz mudanças significativas na formação do jovem e, consequentemente, as avaliações para a entrada no ensino superior precisam seguir tal mudança. Faltam as matrizes curriculares do novo Enem, pontou Maria Helena Guimarães de Castro, uma das criadoras e responsáveis por implantar o Enem no país, uma vez que presidiu o Inep entre 1995 e 2002. Atualmente é presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE). Ela é uma das pessoas que mais conhece o Enem e também o desenvolvimento do novo Enem.

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“O Inep precisa divulgar a matriz, porque sem ela não tem como fazer um pré-teste e preparar a prova do Enem para ser aplicada em 2024. Então eu posso dizer que eu espero que eles publiquem a matriz da primeira etapa [formação geral básica]. Segundo o Inep, a previsão é publicar até o final deste ano, para que as escolas possam ter pelo menos um pouco de segurança”, revelou Maria Helena.

A presidente do CNE participou ontem, 17, do painel Um Enem diferente. Vai ser melhor?, no Grande Encontro da Educação, evento gratuito e organizado pela revista Educação e revista Ensino Superior, que aconteceu de forma híbrida, sendo presencial no Inteli, em SP.

Esq. para a dir.: Vera, Esther e Maria Helena. A presidente do CNE afirmou confiança no novo presidente do Inep, Carlos Moreno (foto: Nicolas Calligaro/Revista Educação

Esther Carvalho, diretora-geral do Colégio Rio Branco também estava na mesa. Ela apontou que as matrizes são fundamentais, inclusive para estruturar melhor o novo ensino médio e seu currículo, pois ele precisa comportar o cenário atual que estamos lidando.

“Nós construímos um currículo de ensino médio diferente, mesmo correndo grandes riscos, o compreendendo como um currículo de transição. Por que é de transição? Porque nós não temos o cenário completo, o Enem é importante e conversa com esse desenho. Ele é fundamental a tal ponto que, mesmo com os riscos, só desenhamos a primeira série do médio, porque ainda queremos ter a oportunidade de ajustar o que for necessário frente ao universo de tantas indefinições”, comentou.

Ensino Superior em pauta

“Existem vários problemas que devemos resolver na educação, mas se fizermos um excelente ensino médio, quando chegar o aluno no próprio cursinho do pré-vestibular, nós teremos tudo para ajudá-lo, mas no momento estamos esperando as regras que devem ter esse novo vestibular, esse novo Enem”, pontuou Vera Lúcia da Costa Antunes, coordenadora pedagógica no curso e Colégio Objetivo e que também participou do painel.

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O fato é que não se sabe como o novo Enem funcionará na prática, mais especificamente a segunda etapa, que dialoga com as escolhas dos alunos nos itinerários formativos, fazendo com que a trajetória no ensino médio seja diferente para cada estudante. Maria Helena desabafou que as trocas de ministros no Ministério da Educação no governo Bolsonaro e as saídas de integrantes do Inep não permitem continuidade de trabalho. Contudo, está otimista quanto ao atual presidente do Inep, Carlos Moreno, o qual assumiu o posto este mês.

Ou seja, essa falta de continuidade para a conclusão de como será o novo Enem está travada no Ministério da Educação e suas instâncias.

O Enem precisa andar junto com o ensino médio, mas apesar dos atrasos que as diretrizes da prova proporcionam, Vera Lúcia ainda está otimista sobre o sistema. “Temos que ir com calma, mas tenho certeza que dará certo, não só o novo ensino médio, como o novo vestibular também a partir do Enem. Temos apenas que ter confiança no tato do que precisa melhorar, e na hora que acontecer a prova fazer as críticas necessárias, porque temos que ajudar a educação brasileira, não podemos ser omissos, esta é a nossa função.”

Pensando na abertura dos alunos para o ensino superior, Maria Helena também comentou sobre como o novo Enem deve impulsionar mudanças nos modelos curriculares das instituições de ensino superior para se tornarem mais atrativos para os alunos com novas preparações para o mercado de trabalho.

“O Enem, de acordo com o que está proposto agora, irá forçar as universidades federais a reverem os seus currículos e a pensarem em um currículo mais flexível, mais integrado e articulado. Algumas universidades federais já têm uma formação geral básica abrindo depois para a flexibilização. Então eu acredito que esse novo Enem vai ajudar na mudança, mas o MEC, o Inep e as séries precisam estar abertas às mudanças, porque se eles fizerem coisas muito fechadas e muito rígidas, nada vai mudar, e se o ensino superior não mudar ele não irá preparar ninguém para o mundo do trabalho”, concluiu Maria Helena Guimarães de Castro.

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Redação


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