NOTÍCIA
12ª Missão Técnica promovida pelo Semesp passou por quatro cidades e cinco instituições. Balanço da volta é de que recursos financeiros são fundamentais, mas que instituições brasileiras “fazem mais com menos”.
Publicado em 09/06/2022
Boston, Manchester, Orlando e Tampa foram as cidades nos EUA visitadas pelo grupo de gestores de IES e empresas educacionais brasileiras, entre 20 e 29 de maio, após dois anos de pausa nas missões técnicas internacionais por causa da pandemia da covid-19. O objetivo foi inspirar novas visões sobre os recentes desafios do ensino superior, conhecer cases de condução da gestão e de ensino e aprendizagem e – por que não – comparar o modo de gestão entre os países. O balanço é de que recursos financeiros são fundamentais, mas que instituições brasileiras “fazem mais com menos”.
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Com instituições de referência global, os EUA, assim como diversos países neste período, enfrentaram crises em seu sistema de educação superior. Tiveram que lidar com o fechamento e as fusões de universidades e uma baixa drástica no número de matrículas. Isso deixou claro um sistema enrijecido e pouco sustentável, onde tempo e dinheiro nunca foram tão importantes. Digitalizados e financeiramente prejudicados, jovens têm optado por trabalhar e sobreviver, não se dedicando a uma graduação que provocará dívidas para o futuro. Por mais promissor que esse futuro possa ser.
Com um olhar voltado para essa questão, a Southern New Hampshire University (SNHU), não quer que o estudante tenha dívidas, explicou Paul LeBlanc, diretor da instituição. Apontou ainda que o relacionamento com os alunos, aliado ao investimento em sistemas administrativo e suporte, é um dos pilares mais importantes da SNHU.
“Nossas ações aqui são equivalentes ao que está sendo realizado lá”
Autor do livro “Students First: Equity, Access, and Opportunity in Higher Education”, LeBlanc acentuou a importância de colocar o jovem no centro. Esse foi um ponto discutido durante a missão, segundo de João Otávio Bastos Junqueira, executivo de redes e parcerias na Unifeob e diretor de relações institucionais no Semesp. “A gente gasta muita energia com burocracia, coisas que a gente se pergunta ao final do dia: ‘como isso ajudou meu aluno?’ Muitas vezes são mais para dar resposta às nossas próprias rotinas do que para ajudar o estudante de fato”, pondera.
Para Junqueira, as instituições brasileiras estão bem, se equivalem com as internacionais em linhas gerais. “Não percebi nenhuma necessidade como ter de reinventar a roda. Obviamente que há as questões tecnológicas e de infraestrutura, e que envolvem mais investimentos e recursos. Mas é diferente porque elas têm esse aporte, recebem incentivos públicos, é uma realidade diferente da nossa. As ações da gestão no Brasil são equivalentes.
Exemplo é a Florida Polytechnic University, destacada por seu campus futurista e por ser uma instituição projetada para ampliar os limites da educação em ciência, tecnologia, engenharia e matemática. Além de conhecerem os laboratórios de última geração da instituição, os participantes da missão acompanharam uma aula magna com o seu presidente, Randy K. Avent.
“90% dos alunos de EAD lá estudam com auxílio do governo, imagina se tivéssemos esse aporte por aqui?”
O acadêmico afirmou que para impactar na economia, a IES não precisa ser grande. Mesmo sendo de pequeno porte, a Universidade Politécnica da Flórida tem uma taxa de sucesso marcante entre os estudantes. Isso graças à experiência única da grade curricular e ao contato com os professores, proporcionado pelas salas de aulas menores.
Jake Polumbo, de Estratégia e Relação com a Indústria, explicou o trabalho da IES em aproximar as indústrias da universidade. Segundo ele, a convergência entre academia, governo e indústria é fundamental para estimular a inovação. Com apenas 10 anos, a Florida Polytechnic tem foco em sua missão institucional e na estruturação do perfil de seu alunado, cuja pretensão é não passar de 4 mil.
“O modelo pedagógico aqui é consistente. A diferença é orçamento, são dois mundos distintos”, afirma Vinicius Dias, CEO da Algetec, empresa educacional de laboratórios virtuais e professor da Universidade Católica de Salvador. Ele acompanhou a missão para sondar que tipos de tecnologias estavam sendo utilizadas pelas instituições internacionais.
Para ele, ficou evidente “que a gente sabe fazer mais com menos. Na SNHU que tem um dos viezes mais fortes no ensino a distância, vimos que praticamente 90% dos alunos estudam com auxílio do governo, imagina se tivéssemos esse aporte por aqui?”
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