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Coluna Thuinie Daros

Novas arquiteturas pedagógicas

A imprevisibilidade, exponencialidade e a transformação digital são fatores primordiais no impulsionamento de criação de novas arquiteturas pedagógicas

Publicado em 08/11/2021

por Thuinie Daros

Arquiteturas pedagógicas_Kampus Production-Pexels Foto: Kampus Production - Pexels

A arquitetura pedagógica é um conjunto de premissas que representa e orienta a forma como se organiza o currículo e se materializa nas práticas pedagógicas, criando interações entre os professores, estudantes, conhecimento e objetos de aprendizagem.

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Informações advindas da internet estão cada vez mais tangíveis aos estudantes, levando novos desafios aos professores. Ensinar somente os conteúdos já não faz sentido. Habilidades como, por exemplo, pensamento crítico, atuação em cenários complexos e a criatividade são cada vez mais essenciais. 

Arquiteturas pedagógicas
Foto: Kampus Production – Pexels

É fundamental uma prática pedagógica pautada na educação ativa, online e híbrida. Curadoria de conteúdo, trilhas de aprendizagem, competências digitais, o papel das equipes multidisciplinares, ferramentas para potencializar a aprendizagem e práticas inovadoras são necessidades da educação contemporânea. Como tornar isso realidade? 

Selecionei três pontos que considero fundamental para que as instituições consigam propor novas arquiteturas pedagógicas.

1. Mentalidade criativa

Se as escolas (ou mesmo espaços de trabalho corporativos) tiverem um ambiente onde haja discussão de projetos, aceitação de sugestões, troca de ideias e que não se pratique a crítica destrutiva, a tendência é de se criar cada vez mais. Por trás de uma ideia que inicialmente possa parecer estranha estão as maiores possibilidades de inovação e disrupção. 

Mas, como ser um impulsionador de novas ideias, promover o exercício da inovação e desenvolver o potencial criativo dos gestores, professores e estudantes e torná-los capazes de propor novas arquiteturas pedagógicas coletivamente?

Já sabemos que é natural que o cérebro repita as mesmas atitudes e atividades já percorridas. Geralmente buscamos sentar nos mesmos lugares, dirigir pelos mesmos caminhos, comprar no mesmo local, etc. Mas para que o cérebro aprenda outros padrões e se direcione para gerar regularmente novas ideias e consequentemente, formar novas sinapses, precisamos exercitar novas possibilidades.

No Wired to Create, Scott Barry Kaufman defende que a criatividade  não trata  meramente de expertise ou conhecimento, mas  a integração  de características intelectuais, emocionais, motivacionais e éticas. 

Para ele, os criativos têm o hábito de se divertir e de cultivar o bom humor e brincadeiras e justamente este hábito pode revolucionar a maneira como o cérebro trabalha. Além do mais, observou que estas pessoas tinham uma postura aberta para a sua própria vida, demonstravam preferência por complexidade e ambiguidade, apresentavam uma tolerância descomunal para a desordem e confusão, possuíam a habilidade de extrair ordem do caos, independência, inconvencionalidade e uma disposição por correr riscos. 

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Problemas = oportunidades

Sabemos que os problemas existem em todos os momentos e lugares, a questão é, como resolvê-los. Fomos habituados a encarar os problemas como males a serem eliminados rapidamente, e não como oportunidades.

É preciso considerar que a matéria-prima da criatividade são os problemas. Quando se busca por soluções criativas, nos abrimos para infinitas possibilidades, isto é, percorremos por situações diferentes para resolver problemas que afetam o trabalho ou a vida pessoal e impede de alcançar os resultados desejados

Por isso, mapeie os problemas que enfrenta no cotidiano e transforme em possibilidades. Objetos de aprendizagem, experiências, imersões, programas e novos produtos podem tornar-se potenciais de qualificação em uma arquitetura pedagógica. Transforme as suas aspirações em inspirações

2. Modo beta em lopping

Um produto ou serviço em modo em sua versão beta é disponibilizado para que os usuários possam utilizá-lo com a finalidade de reportar bugs e feedbacks aos desenvolvedores. Esta prática auxilia consideravelmente no sucesso do lançamento do produto ou serviço, eliminando problemas de forma antecipada. Estar em modo beta em lopping implica em uma postura de aperfeiçoamento contínuo e ágil. Criar, testar, avaliar e corrigir são pontos essenciais. Ofertar uma nova arquitetura pedagógica requer a prática de aperfeiçoamento contínuo, ou seja, estar em modo beta em loopinp. Sendo assim, a velocidade com que a mudança acontece ocasiona a necessidade de soluções inovadoras por meio de uma dinâmica de trabalho cada vez mais ágil. 

Esse exercício faz com que as instituições estimulem cada vez mais a experimentação: tentativas de sucesso que podem ou não dar certo, mas que devem ser frequentes. Portanto, o ato de errar é mais do que necessário. Quer uma dica? Projetos simples são melhores para avaliar e evoluir, então vale iniciar por um projeto enxuto e rápido, e assumir um contrato de evolução. 

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3. Estudante como centro do processo

O planejamento do imprevisível implica em colocar o estudante como centro do processo. As instituições precisam conhecer bem o seu grupo de estudantes e a partir disso criar um ambiente de confiança, promotor de debates, criatividade, reflexão que exercite a capacidade de o aluno correr riscos por meio da sua exposição, opinião, etc. 

Sabe-se que, em espaços nos quais os professores assumem a centralidade do processo e se apresentam como detentores de todo conhecimento, acabam por impossibilitar a participação mais ativa dos estudantes e ainda ocasiona o medo de errar, de arriscar e de participar. 

Uma arquitetura pedagógica inovadora cria, sobretudo, possibilidades de estabelecer relações significativas entre os diferentes saberes, de maneira progressiva, para  adquirir uma perspectiva mais elaborada, convertendo as escolas em lugares mais democráticos, atrativos,  que estimula a reflexão teórica sobre as vivências,  experiências e diversas interações das instituições educacionais. 

Rompe a cisão entre a concepção e execução (uma divisão própria do mundo do trabalho), amplia a autonomia pedagógica e gera um foco de agitação intelectual contínuo; traduz ideias, práticas e cotidianas, mas não esquecendo da teoria. A inovação nunca é empreendida de modo isolado, mas pelo intercâmbio e cooperação permanente das pessoas envolvidas.

Metodologias ativas e imersivas, tecnologias digitais, realidade aumentada e virtual, jogos digitais, robótica, impressão 3D, atividades gamificadas, dinâmicas Steam, abordagens makers, atividades em grupo, são exemplos de práticas atuais que podem compor a arquitetura pedagógica.

Criar condições de ter uma participação mais ativa dos estudantes implica necessariamente na mudança da prática e no desenvolvimento de estratégias, que garantam a organização de um aprendizado mais interativo e intimamente ligado com as situações reais. Por isso, rever a arquitetura pedagógica é essencialmente necessário.

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Autor

Thuinie Daros


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