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Autoavaliação: CPAs ganham protagonismo

As iniciativas promovidas pela Rede Semesp de Autoavaliação Institucional chamaram a atenção do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que designou uma comissão para conhecer pessoalmente o instrumento desenvolvido pela rede. A visita aconteceu nos centros universitários UNDB, em São Luís, […]

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As iniciativas promovidas pela Rede Semesp de Autoavaliação Institucional chamaram a atenção do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), que designou uma comissão para conhecer pessoalmente o instrumento desenvolvido pela rede. A visita aconteceu nos centros universitários UNDB, em São Luís, no Maranhão, e Eniac, de Guarulhos, São Paulo.

O instrumento estimula a Comissão Própria de Avaliação (CPA) a ter maior protagonismo. Além disso, busca valorizar a missão, identidade e regionalidade das instituições de ensino superior brasileiras. Para Rebeca Murad, diretora geral de Gestão da UNDB, esse é o grande acerto da iniciativa, uma vez que o processo ajuda a instituição a se ver e a fazer melhorias a partir da própria vocação, com o entendimento de como preservá-la. “É a beleza do projeto.” Estruturado em ciclos anuais, o instrumento criado pela rede está em seu terceiro ciclo de autoavaliação e conta com um total de 24 indicadores.

“Fizemos algumas alterações na proposta de autoavaliação feita hoje pelo MEC. A principal delas é trazer a informação de qual é o propósito da IES, pois as mais de duas mil instituições espalhadas pelo país têm diferentes contextos e formas de atuação”, complementa Ruy Guérios, reitor do Centro Universitário Eniac.

 

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“O Eniac tem o propósito de ajudar as pessoas a se desenvolverem socialmente para que possam trabalhar, cuidar da família e das pessoas do entorno. Ele surgiu para trazer possibilidade de ascensão social para as classes C e D, empregar essas pessoas e dar condições de serem autônomas através do ensino da tecnologia”, exemplifica.

Cada indicador apresenta um conjunto de quesitos a serem atendidos pelas IES. Segundo Ruy Guérios, o projeto também conta com um indicador que compartilha a média das avaliações obtidas por cada IES. “Se a média de um resultado é 3,5 e a minha instituição apresentou 2,5 pontos, eu posso procurar a instituição que apresentou melhor desempenho para conversar e entender o que ela faz para alcançar esse número. É algo muito rico, pois nos coloca em contato para entender quais são as melhores práticas”, acrescenta o reitor.

 

Validação do projeto

O projeto do Semesp teve início em 2021. De lá para cá, novos indicadores foram adicionados, como um indicador de sustentabilidade ambiental. A entidade também solicitou uma análise do instrumento, qualificado após avaliação de consultores nacionais e internacionais. “Tínhamos de entender se o nosso instrumento realmente contribuía para a gestão das IES. E esses especialistas indicaram que sim, desde que a instituição acredite na autoavaliação e tenha uma CPA madura”, pondera Fábio Reis, diretor de Inovação e Redes do Semesp. Atualmente, a Rede é formada por 50 IES e, destas, 30 instituições completaram todo o processo de autoavaliação.

O Inep pôde observar uma experiência concreta nos centros universitários Eniac e UNDB. A comissão contou com a presença de Ester Pereira Neves de Macedo, assessora do gabinete da Diretoria de Avaliação da Educação Superior (Daes). Ela desembarcou em São Luís para conhecer a experiência da UNDB.

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No Eniac, a visita do Inep contou com a presença de Ulysses Tavares Teixeira, diretor de Avaliação da Educação Superior do Inep (foto: divulgação)

“O nosso papel, enquanto Inep, é a avaliação externa. A autoavaliação fica por conta da instituição e não é nosso papel impor um modelo central. Mas percebemos que alguns processos de autoavaliação são mais maduros do que outros e que algumas CPAs são mais inseridas e ativas. Temos pensado em como fomentar o compartilhamento de boas práticas, pois uma CPA forte faz toda a diferença nas instituições, e muitas têm dificuldades de estruturá-las, dar a carga horária adequada e fazer com que a comunidade acadêmica participe. Para isso, formamos uma comissão assessora e discutimos meios de desenvolver trabalhos que levem dicas e ideias de ferramentas para valorizar o trabalho da CPA”, comenta.

Em Guarulhos a visita contou com a presença de Ulysses Tavares Teixeira, diretor de Avaliação da Educação Superior do Inep. “O Ulysses resolveu não apenas apoiar, como ver o processo na prática”, conta o reitor do Eniac.

 

Impactos na gestão

A CPA – que envolve alunos, pessoas do técnico-administrativo, e representantes de professores da comunidade externa – tem o instrumento como norteador. “O grupo analisa este instrumento e, a partir de diretrizes institucionais, recomenda os pontos em que a instituição precisa se desenvolver, bem como os potenciais de melhoria. Esse relatório é retroalimentado, pois as reuniões de CPA acompanham os avanços”, descreve Rebeca Murad. “O projeto de autoavaliação contribuiu muito para a maturidade da nossa CPA.”

Entre os benefícios com a implementação do projeto, Rebeca lista a ampliação dos canais de comunicação e divulgação dos resultados da CPA. “Primordialmente para o aluno”, acrescenta a diretora.

Ruy Guérios destaca a possibilidade de proposições por meio do projeto, implementado há cerca de dois anos no Eniac. “Consigo entender como estou e o que preciso fazer para melhorar. Pensar em estratégias para alcançar determinados objetivos.”

 

Pares avaliadores

O projeto de autoavaliação do Semesp conta ainda com a “avaliação interpares”, introduzida a partir do segundo ciclo de autoavaliação, em 2024. Nesta ação, IES se voluntariam para receber a visita de quatro avaliadores da própria rede. “É diferente de uma visita do Inep, pois essa avaliação vem com a possibilidade de discutirmos com os pares avaliadores. A partir de suas vivências, essas IES nos ajudam a crescer e a buscar formas de melhorar”, destaca Rebeca, que recebeu, além do Inep, visitantes da PUC Paraná, Unifaa e Faesa.

Para Ester Macedo, do Inep, o saldo da visita à UNDB foi positivo. “Como órgão avaliador, não temos esses pares para comparação. Isso traz leveza de certa maneira. Não havia o peso de ser uma avaliação que cumpre os fins da regulação ou de ser punitiva, mas uma avaliação de melhoria contínua. Foi muito bom ver como essa interação entre pares traz oportunidades de melhorias.”

“Esse instrumento não se impõe ao que a instituição faz, mas traz muitos insumos. Não tem um ranking mas possibilita o aprimoramento da IES por meio de feedback”, evidencia.

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Por: | 31/10/2025


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