NOTÍCIA
“Um dirigente não é líder só da sua equipe, ele precisa ser visto pelos alunos, que buscam ali valores claros”
Publicado em 28/06/2024
“Liderar é identificar as tendências para fazer com que a sua instituição esteja conectada com o mundo e que aponte também na direção do que a sociedade está vivendo”, afirma Ceres Murad, doutora em psicologia, escritora e reitora do Centro Universitário UNDB, em São Luís, Maranhão. Ceres conversa com a apresentadora Danielle Rodrigues na 15ª edição do podcast Gestão do Ensino Superior.
“Há até pouco tempo, tínhamos a ideia de que o mundo estava em mudança, havia o antigo e o novo convivendo, era complicado, mas hoje a realidade é outra. Há uma polarização crescente no mundo e isso é muito diferente do que vinha acontecendo nas últimas décadas. Num mundo polarizado, a instituição tem de ter claro aquilo que ela defende, não só para engajar a equipe mas para as pessoas a quem a instituição serve, que a buscam por causa desses valores”, ensina a reitora. Nesse contexto, aponta, “um dirigente não é líder só da sua equipe, é uma liderança que precisa ser vista pelos alunos, que buscam ali valores claros”.
“A gente tem de ter uma lupa para entender esse mundo complexo”, continua a reitora. É preciso compreender as tendências e agir a partir delas. Ceres destaca, entre as tendências atuais, a abertura ao diverso, à inclusão e à igualdade. “Não basta defender ou não ter regras preconceituosas. A universidade precisa se compreender no seu papel ativo no mundo como uma IES que tem voz, e estar não apenas aberta ao diverso mas ter um papel afirmativo nessa questão, isso dá sentido à liderança, ao trabalho e aos valores.”
Na área da inovação, Ceres aponta a confusão recorrente entre inovação e tecnologia. “Inovação não é tecnologia, inovar é fazer melhor olhando o custo e o tempo, com mais eficiência. A tecnologia ajuda e muito, mas pode ser uma cortina de fumaça para encobrir o fato de continuarmos a fazer tudo da mesma forma. E isso atrapalha mais do que ajuda.”
Além da necessidade de se atentar ao problema e não à ferramenta, para inovar é preciso um “tiquinho de inconformidade e abertura ao novo”. “Temos de aprender com os adolescentes – somos sortudos por trabalhar com eles –, pois estão sempre insatisfeitos, inquietos, e isso é um comichão, um vírus. A base da inovação é a inconformidade com o mesmo.”
Ceres também aborda a importância de pensar ações que favoreçam a saúde mental dos estudantes, sobretudo diante da crescente competitividade, inclusive aquela que advém do uso das redes sociais.
“Nós temos o relacionamento do coordenador com o aluno. Ele tem de estar em sala de aula, especialmente nos primeiros semestres, porque há coisas que são veladas. Nós temos o serviço de psicologia, mas muitas vezes as coisas não chegam lá. O mais importante é a equipe, os coordenadores, os professores, estarem conscientes de que isso é problema nosso. A escola, ao longo dos anos, foi muito exclusiva com os alunos com problemas.”
Com apresentação de Danielle Rodrigues, o episódio está disponível nas principais plataformas de podcasts. Acesse o canal de sua preferência e acompanhe a conversa na íntegra.