NOTÍCIA
Unoeste recepciona mães lactentes clicadas no momento de amamentar
Publicado em 14/03/2024
A enfermeira especialista em amamentação Sarah Sumaia realizou workshop na Unoeste, no campus de Presidente Prudente, no ano passado, a convite de Larissa Esteves, coordenadora do curso de enfermagem. O evento foi o primeiro contato entre a profissional e a universidade e acabou por favorecer uma parceria para exposição de fotos de mães lactantes. A história, entretanto, começa com Sara e seus primeiros meses como lactante, em 2016, ao dar à luz sua filha Alice.
Dor intensa, sensibilidade, candidíase mamária, início de mastite e síndrome de Reynaud são algumas das intercorrências que podem acontecer durante a amamentação. Sarah sofreu com elas quando amamentou. “Eu me perguntava: por que comigo?” Ela havia se preparado para o parto, mas não para o período do aleitamento, “mesmo sendo enfermeira”. A opção pela gerontologia ocorrera em 2006 e foi radicalmente transformada.
“Peguei essa experiência na prática, como mãe, e vi que esse conhecimento não poderia ficar só para mim. Resolvi trabalhar com as mulheres e suas famílias, pensando no preparo para a amamentação e no acolhimento ao pós-parto. Assim começou minha jornada”, conta Sara. Ela atende em domicílio. “Acabei de vir da casa de uma mãe com um bebê de sete dias. Ao chegar, notei que ela tinha lágrimas nos olhos. Abracei e deixei que ela chorasse. Ela tinha privação de sono, cansaço extremo e muitas dúvidas.”
Com a fotógrafa Dayane Trigo, Sarah desenvolveu o projeto de exposição de fotos de mães lactantes. A ideia é valorizar, apoiar e elevar a autoestima da mulher que amamenta. As exposições acontecem num shopping local, sempre em agosto, o “mês dourado”, dedicado ao aleitamento materno. Mas Sarah começou a se incomodar com o aspecto elitizado das exposições e seu desejo foi o de retratar, também, mães da periferia da cidade. Contatou UBSs locais e conseguiu chegar até as mães mais pobres.
“Daí eu tinha fotos belíssimas em mãos. Fui sugerir a exposição para a Unoeste, que abriu espaço para nós de uma forma incrível, cederam inclusive os expositores. Levamos 18 mães para a inauguração.” A exposição foi intitulada Leite Forte – Amamentar é Poder. Um sorteio presenteou duas alunas da Unoeste, uma grávida e uma lactante, para receberem consultoria e sessão de fotos.
Os alunos do primeiro período do curso de enfermagem visitaram a exposição. “Eles vêm cheios de místicas e preconceitos em relação à amamentação”, fala Larissa. A exposição quebra esses formatos. “Em sala de aula, estávamos discutindo autocuidado apoiado, prática que a enfermagem realiza com as mães grávidas. A intenção foi desenvolver nos estudantes a ideia de serem apoiadores, mas que a decisão de como amamentar é da mulher”, explica a coordenadora. Ela conta que o currículo do curso não tem disciplinas separadas, é integrado e os estudantes aprendem por meio de ciclos da vida. “A ideia é sempre emancipar o usuário, seja qual for o ciclo da vida no qual ele esteja.”
Na Unoeste há pós-graduação em obstetrícia, “um curso forte, com 30 a 40 estudantes em cada turma.” No hospital estadual de Presidente Prudente, os alunos de graduação acompanham os partos e os de pós já atuam.
Em breve, a Unoeste, em parceria com o município, terá um ambulatório de aleitamento para as mães da cidade, especialmente para as mães do Sistema Único de Saúde (SUS).
A estudante que amamenta precisa receber incentivo e apoio da universidade. “É importante permitir que ela possa levar o bebê, que ele seja bem-vindo e que a mãe possa amamentar em sala de aula”, explica Sarah. Se a universidade quiser aprofundar esse apoio, será necessário investimento em estrutura física e formação de pessoal.
“Uma mãe que volta após cinco meses de licença e não leva o bebê para as aulas precisa manter a produção de leite. Uma estrutura mínima é uma sala com frigobar, geladeira, com uma pia para higienizar as mãos e uma poltrona confortável para extração de leite. Dessa maneira, a mãe consegue manter o estoque de leite e o aleitamento, pois mantém o estímulo de produção. O correto é retirar leite a cada três horas. Se não fizer o estímulo com a bomba, o corpo entende que o leite não é mais necessário.”
O leite materno pode ficar 30 dias no congelador e 24 horas na geladeira. “A mãe coloca o leite retirado numa caixa de isopor e leva para casa.” A mesma sala pode ser usada para amamentar, se o bebê estiver junto e for da vontade da mãe.
Sarah lembra que a amamentação é uma questão de saúde pública. “O mínimo são seis meses de aleitamento materno exclusivo. Até um ano de idade, o leite materno é o principal alimento da criança, qualquer outra alimentação é complemento. E amamentar até dois anos, se possível, garantindo a saúde como um todo.”