NOTÍCIA
Índices de empregabilidade de egressos ganham cada vez mais relevância nas avaliações institucionais
Publicado em 23/01/2024
As fronteiras do conhecimento se expandem e se aprofundam. A segunda década do século se caracteriza por tecnologias que dão caráter exponencial a esses processos. A formação voltada ao desenvolvimento de senso crítico, para o entendimento desse turbilhão, é uma demanda urgente. Outra não menos importante é garantir aos estudantes a empregabilidade.
Decifrar quais serão as profissões do futuro em médio prazo é quase impossível, mas formar alunos e orientar egressos de acordo com as tendências de mercado são tarefas inadiáveis das IES. Os índices de empregabilidade de egressos ganham cada vez mais relevância nas avaliações institucionais.
É nesse contexto que a PUCPR acompanha a empregabilidade de seus alunos e ex-alunos por meio de ações coordenadas, como as do PUC Carreiras, que engloba o programa Alumni, a pesquisa de empregabilidade sistematizada na publicação Observatório de Carreiras, o contato constante com empresas parceiras e os programas de estágio. 91,4% dos egressos da instituição estão atuantes no mercado de trabalho.
Adriany Camargo, gerente de relacionamento, afirma que a instituição vem aprimorando esse acompanhamento. Ela conta que houve mudanças na estratégia, com maior foco na área de relacionamento. O programa Alumni surgiu em 2007, por meio de iniciativa de ex-alunos, como uma associação, e foi descontinuada em 2012. Tornou-se um setor do departamento de marketing em função das questões comerciais, de captação e de relacionamento com os egressos. A partir de 2020, o planejamento estratégico detectou a necessidade de o Alumni estar de fato dentro do núcleo de empregabilidade, uma operação assumida pelo PUC Carreiras.
A comunidade de ex-alunos da PUCPR é de 150 mil profissionais. Tassiane Souza de Jesus é responsável pelo setor de Relacionamento Alumni PUCPR. “O acompanhamento do sucesso profissional é responsabilidade institucional”, diz. Um pilar fundamental do programa é o indicador do sucesso profissional. “Promovemos uma pesquisa de acompanhamento de empregabilidade, com formulários específicos para estudantes, egressos e empresas parceiras”, conta Tassiane.
“Junto com a pesquisa de empregabilidade, tentamos entender a realidade do desempenho profissional. Há questões que são específicas, fixas – para entendermos o cargo ocupado, a margem salarial – e outras flexíveis, mais abrangentes, abordando a importância do diploma, questões sociais como a pandemia, a inteligência artificial. É um questionário bem extenso, em torno de 53 perguntas”, explica Tassiane.
O Observatório de Carreiras é o documento que estrutura os resultados da pesquisa, realizada anualmente desde 2018. Nele estão os principais insights, apontando tendências globais do mercado de trabalho, com projeção de dois a cinco anos. A PUCPR tem seis escolas e o maior desafio é desdobrar realidades do mercado para todas as áreas do conhecimento.
Nesta edição da pesquisa, o questionário foi disparado para 13 mil empresas, 40 mil egressos e 43 mil estudantes da graduação e pós-graduação, de cursos presenciais e EAD. Finalizada em dezembro, será apresentada em março e ganhou novo formato. Antes, os dados eram apresentados por meio de relatórios, em seguida houve aprofundamento, com insights do mercado. “Este ano teremos uma versão um pouco mais consolidada das nossas iniciativas e pretensões”, diz Tassiane.
O principal objetivo é conseguir conectar o mercado de trabalho com a realidade de empregabilidade da PUC. “Dentro desse formato, trazemos um paper para cada escola, que contempla qual é a tendência, dentro de uma visão macro, para entender o que o mercado de trabalho está pedindo e o que a PUC já tem realizado por meio da pesquisa. Trazemos o mapa de oportunidades, ou seja, apontamos como a escola pode atrair a atenção dos estudantes no âmbito da empregabilidade, potencializando os recursos do PUC Carreiras. A ideia é reforçar as iniciativas das escolas para procurar nosso departamento, tanto para as práticas de estágio quanto para a prática de orientação e planejamento de carreira.”
A pesquisa que agora está sendo tabulada tem três elementos de acompanhamento essenciais: tecnologia, meio ambiente e o humano social. No âmbito da tecnologia, apurou o impacto da IA no mercado de trabalho. “É preciso o alinhamento com a tecnologia. O mercado se movimenta rápido demais e o profissional não acompanha. O mercado pede que ele acompanhe e isso ocorre em todas as profissões”, conta.
Em relação ao meio ambiente, diz Tassiane, “a sustentabilidade deixou de ser uma questão emergente para ser crítica, então estamos numa situação em que há necessidade das habilidades do profissional verde. As empresas estão buscando profissionais que já tenham esses comportamentos sustentáveis. Não têm mais um departamento de meio ambiente. Se você é do financeiro, quão sustentável você tem sido e quais são as práticas orçamentárias em relação a desperdício? Se você é da linha de produção, como está o processo de qualidade, a gestão de resíduos?”
Na área do humano social, o desenvolvimento das soft skills é um desafio. Se a formação técnica parece resolvida, o mesmo não se dá com a necessidade de mudanças comportamentais. “Temos necessidade muito grande de as pessoas entenderem que precisamos também aprimorar o comportamental.” Tassiane diz que a pesquisa traz esses insights para entender como o profissional se desenvolve e se mantém no mercado de trabalho.
Para o público da comunidade universitária, as informações serão publicadas no formato de revista. E há uma versão com os desdobramentos da pesquisa, desde relatórios sigilosos até informações para coordenadores e para os processos de credenciamento e recredenciamento junto ao MEC, além das certificações de cada curso, relativas à empregabilidade. Em relação aos egressos, Tassiane diz que a responsabilidade aumentou. “Já fazíamos esse trabalho, mas agora precisamos evidenciar as ações realizadas.”
Luciana Mariano é responsável pelo PUC Carreiras, e seu trabalho contempla desde a prática de estágios, os processos de tramitação e a busca por novos campos de estágio, até o aluno se formar e ser um membro Alumni. É o que o trio chama de “jornada da empregabilidade”. O estudante que passa pelo núcleo de estágios recebe indicadores e dados acerca do que ele entende que precisa aprimorar, dos gaps que precisa resolver. “Temos o lado do acolhimento, encaminhamento. Precisa de uma orientação para o currículo, para um contrato? Não sabe como se posicionar numa entrevista? Qual o medo dele em relação à colocação no mercado?”, detalha Luciana. O atendimento é individual, um acompanhamento que segue até que o estudante consiga uma vaga.
Há o trabalho burocrático, próprio desse núcleo. “Hoje tenho passado muita informação sobre a legislação para que eles tenham consciência que não é a PUC que é burocrática, mas que existe uma legislação e ela precisa ser cumprida; é uma segurança para a empresa e para o estudante que está desenvolvendo sua prática.” Por outro lado, conta Luciana, o departamento não quer ser reconhecido como um setor burocrático. “Queremos receber o aluno, acolhê-lo, ajudá-lo nesse primeiro encaminhamento – um momento que ele nunca mais esquecerá.”