O Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) recebeu credenciamento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para atuar como instituição de educação superior. Aprovada no dia 5 de dezembro, a medida autoriza o início das atividades do primeiro programa de graduação do instituto, o IMPA Tech, um bacharelado em matemática e tecnologia da inovação. Gratuita e no formato presencial, a graduação tem início previsto para 2024, no Porto Maravalley – hub tecnológico criado pela Prefeitura do Rio de Janeiro.

De renome internacional, o IMPA é um centro de pesquisa e pós-graduação em matemática com cursos de doutorado, mestrado e mestrado profissional. Também é o organizador da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, a maior olimpíada científica do mundo em número de participantes. Das 100 vagas ofertadas para a graduação, 80 serão destinadas a alunos medalhistas de olimpíadas nacionais da área de exatas, e 20 para candidatos com melhor desempenho em matemática no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio).

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Cristina Ares Elisei (foto: arquivo pessoal)

A gratuidade do curso, no entanto, não basta para uma diversidade no corpo discente. É o que indica Cristina Ares Elisei, doutora em engenharia mecânica e coordenadora da rede de mulheres na TIC, da MetaRed. “É preciso uma grande divulgação e um incentivo para as alunas que estão no ensino médio. Deve-se falar sobre o instituto e sobre a formação, além de reforçar que as estudantes também podem participar dessa área, ainda predominantemente masculina”, pontua.

Sonia Guimarães, cientista e professora ph.D. de física experimental do ITA, corrobora com os apontamentos sobre a divulgação, mas acredita que a oferta para os medalhistas deve contribuir com maior equidade de gênero e raça. “Os competidores estudam muito e realmente gostam da área. Além disso, as olimpíadas também abrangem as escolas públicas, são marcadas por uma grande participação de meninas e de estudantes negros”, acrescenta.

O IMPA Tech terá duração de quatro anos com foco em matemática, ciência da computação, ciência de dados e física. Na avaliação de Cristina, o credenciamento do instituto é um meio interessante de o governo apoiar os cursos de tecnologia. “É uma forma de dar visibilidade para a formação”, diz. Com a crescente discussão sobre a falta de qualidade na formação docente, indica também que “uma área para tratar das disciplinas voltadas a ministrar aulas poderia ter sido incluída.”

Inovar para o futuro

Sonia Guimarães (foto: arquivo/revista)

Para Sonia, a ênfase em inovação na oferta do curso é o principal destaque da graduação. “Inovação vai ser de todo mundo. Todas as áreas terão que entrar nessa. Há quem viva na década passada e que precisa mudar”, comenta. A cientista enxerga a iniciativa como positiva e, embora tardia, necessária para o mercado. “Que bom que chegou, mas demorou. Já estão precisando desses profissionais há pelo menos cinco anos. E ainda assim esses profissionais não se formarão amanhã. Quando estiverem formados, haverá uma grande procura por eles, porque a matemática é muito importante”.

As inscrições para o curso podem ser feitas até 28 de dezembro no site do instituto, onde também podem ser encontrados o edital e outras informações. Acesse.

Autor

Gustavo Lima