NOTÍCIA
Discussão sobre políticas públicas é tema de painel no segundo dia de Fnesp
Publicado em 29/09/2023
Na tarde desta sexta-feira, 29, o bate-papo Estamos prontos para ressignificar nossas IES. Vem com a gente, políticas públicas? reuniu um time de especialistas para debater o papel das políticas públicas no avanço da educação brasileira – superior e básica. Beatriz Eckert-Hoff, diretora-executiva acadêmica de inovação e de relações Institucionais da Cruzeiro do Sul Educacional, introduziu o painel destacando as urgência de mudanças nos modelos pedagógicos que não acompanham as transformações do mundo atual. Se a sala de aula tradicional não funciona nos dias de hoje, um redesenho se faz necessário. “As políticas públicas induzem e sustentam essa ressignificação nas IES”, diz.
Amábile Pacio, presidente da Câmara de Educação Básica no CNE, corrobora com o pensamento de Beatriz e ressalta a importância do levantamento de dados. “Sem uma política pública não dá para ressignificar, e não se faz política pública sem os dados.”
O diretor de avaliação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Ulysses Tavares Teixeira, trouxe um olhar para as políticas avaliativas. Teixeira falou sobre as propostas de mudança do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes), bem como sobre as complexidades para garantir o bom funcionamento do sistema. “É importante analisarmos as mudanças do cenário desde a criação do sistema que, ao longo dos anos, se diversificou e cresceu quantitativamente”, pontua. Para ilustrar, o diretor apresenta números referentes ao Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade). No ciclo avaliativo 2004-2006, 48 áreas eram avaliadas pelo exame. Já no ciclo 2012-2023, o Enade avaliou 84 áreas.
“Um caminho que temos estudado é o de especializar as áreas gerais. Podemos aproveitar as visitas in loco para captar mais detalhes de cada curso?”, indaga. Tavres comenta acerca dos grupos de estudo e pesquisa, com os quais foi feito um mapeamento nacional “Também serão realizados encontros presenciais para conhecer as especificidades regionais e realizar oficinas”, adianta.
As microcertificações também foram colocadas em pauta. Para Tavares, representam um caminho interessante, embora ainda gerem dúvidas. “Do ponto de vista avaliativo, quantos estudantes estão concluindo e qual a taxa de evasão? Devido à agilidade na obtenção dessas certificações, os estudantes concluem a formação em um período mais curto, logo, não se trata de uma evasão. Essa é uma dimensão que gostaríamos de ter indicadores mais específicos e diretos”, afirma.
A funcionalidade das microcertificações depende da chancela de atores do mercado, empregadores. Ao responder perguntas da plateia, Tavares acrescentou: “A aproximação com empresas é fundamental para a definição dessa questão. Ressignificação e flexibilização devem ser ideias constantes nas IES – e com a participação do mercado.”
No mesmo painel, o presidente da Associação Portuguesa do Ensino Superior Privado (APESP), António Manuel de Almeida Dias, destacou que, muitas vezes, os educadores são culpabilizados pelas lacunas na educação dos alunos e chama a atenção para o papel da família nesse processo. “A aproximação da família com os professores é fundamental para resultados mais eficientes”. Dias também ressalta que é preciso educar os alunos em aspectos que estão além do conteúdo, como em questões sociais e culturais. “Isso deve estar na pauta das Instituições”, sinaliza.
Mais cedo, representantes de trinta IES receberam o Certificado de Reconhecimento – Projeto Autoavaliação Institucional, após a primeira rodada de implantação do novo instrumento de autoavaliação, em cerimônia liderada pela presidente do Semesp, Lúcia Teixeira.
Discussões no âmbito do Semesp, acerca do Sinaes, resultaram na proposta da criação de um instrumento de autoavaliação que evidenciasse aspectos das IES pouco tratados no instrumento oficial. Indicadores sinalizados pelo Instituto Semesp também foram inseridos. São itens como egressos, sustentabilidade e os ODSs, meta-avaliação, entre outros.
O instrumento foi construído e 38 IES partiram para a implantação, num processo coletivo, em que cada IES procedeu à autoavaliação e, em seguida, na meta-avaliação, avaliou seus pares. Oito dessas instituições ainda não consolidaram seus dados, por isso optaram por não participar da cerimônia.