Curso superior para exercer uma profissão é um sonho das pessoas que buscam uma posição de destaque no mundo do trabalho
A autoaprendizagem é uma habilidade que auxilia a própria pessoa a aprender e entender os fenômenos por conta própria por meio do processo de coleta, processamento e apropriação de novos conhecimentos.Atualmente, a oferta de cursos, formatos, metodologias e condições de pagamento são bastante diversificadas, o que favorece ainda mais a procura. Além disso, milhões de estudantes da educação superior que haviam escolhido o modelo de ensino presencial foram obrigados a experimentar a integração intensiva das tecnologias em seus cursos de graduação devido à crise sanitária e, certamente, esta experiência digital redefine as expectativas para o futuro.
Embora não seja o único motivo, os modelos acadêmicos de ensino presenciais entregues atualmente devem ser transformados para continuarem sendo uma opção relevante aos estudantes que almejam cursar o ensino superior nesta modalidade.
Acompanhar as tendências para a educação superior, seus impactos e práticas sempre foi de extrema relevância, afinal são novos tempos, novos modelos de negócios, novos recursos, outras formas de pensar e de viver e consequentemente de ensinar e aprender.
O perfil do estudante já não é o mesmo de anos atrás. O fato é que a sociedade mudou e os modelos acadêmicos disponíveis precisam ser capazes de acompanhar as transformações mais amplas. Justamente neste contexto nasce a necessidade de uma prática pedagógica, seja na gestão ou na sala de aula, pautada em uma abordagem ativa e cada vez mais online e híbrida.
Com tantos recursos tecnológicos, ciência aberta, cursos online e acesso livre às diversas fontes de conhecimentos, ofertar uma experiência de aprendizagem cuja fonte principal de acesso ao próprio desenvolvimento é o professor, torna-se inconcebível e até irresponsável em nosso momento histórico.Pesquisa sobre a nova realidade da educação com estudantes de até 16 anos mostra que 73% dos entrevistados acreditam que o ensino mudará definitivamente para modelo que agrega aulas online e presenciais.
A aprendizagem híbrida é a integração das atividades realizadas presencialmente com atividades de forma online, possibilitando a apropriação do conhecimento com algum controle do tempo e ritmo com foco na personalização do aprendizado do estudante.
Sendo assim, pode-se afirmar que o modelo de ensino presencial não irá acabar completamente, mas precisa ser modificado para continuar mantendo o seu potencial competitivo e a conexão com os desafios profissionais atuais.
Mas quais são os elementos que precisam estar presentes nesta nova concepção de ensino presencial? Qual é a modelagem que atende às necessidades e desafios da contemporaneidade? Como podemos manter a competitividade mantendo a qualidade de ensino já conquistadas por diversas instituições tradicionalmente presenciais?
Para ajudar os líderes acadêmicos e docentes a ofertarem um modelo acadêmico de educação superior inovador, competitivo e que de fato atenda às necessidades dos estudantes, listei 8 elementos que considero indispensáveis na modelagem pedagógica de cursos presenciais.
É uma resposta à demanda por inovação especialmente no ensino superior, e fornece possibilidades de acesso aos conhecimentos por meio de recursos e disciplinas digitais com potencial de atender os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem. Pode ainda disponibilizar trilhas de aprendizagem diferenciadas e escolhas de disciplinas que se alinham às aspirações profissionais e interesses.
Quanto maior o grau de flexibilidade curricular, maior o potencial de diferenciação, o que se torna ainda mais valioso quando contextualizado em um mercado altamente competitivo, como é o nicho de ensino superior no Brasil.
A palavra “skills” vem do inglês e significa habilidades. Hard skills são as capacitações técnicas que um profissional pode conquistar e comprovar por meio de diplomas, certificados de qualificação, cursos, e claro, por meio da qualidade de execução das atividades profissionais exigidas. Trata-se do conjunto de conhecimentos técnicos acumulados para realizar determinada função exigida pelo exercício de uma profissão. Já as soft skills são as competências pessoais e bem difíceis de serem analisadas em um primeiro momento, como por exemplo a liderança, ética, criatividade, comunicabilidade, empatia, espírito de equipe e flexibilidade.
Se existiu um mundo em que somente o conhecimento técnico definia uma carreira, isso já é passado. A combinação de soft e hard skills é uma inovação educacional que acelera os estudantes a prosperarem no mercado de trabalho e na vida profissional e, portanto, é essencial para um modelo preocupado com as demandas atuais.
O ensino essencialmente transmissivo, com o predomínio do uso de lousa, giz e papel, professor como detentor do conhecimento e o estudante inserido em um processo de memorização e reprodução por meio de baixa ou nenhuma participação, já não são suficientes para atender às necessidades das novas gerações. E nem considerada uma abordagem capaz de acompanhar as evoluções. Por isso, as metodologias ativas são excelentes alternativas capazes de gerar maior aprendizagem devido à prática de seus princípios, como o protagonismo estudantil, o trabalho em grupo e a resolução de problemas reais.
Propor soluções para problemas reais é algo complexo. O estudante precisa ter uma base sólida para elaborar novas ideias, exercer a flexibilidade para ouvir críticas, lidar com a frustração e o fracasso, trabalhar com materiais diversos e, sob diferentes condições, cumprir prazos, ter coragem para apresentar algo inusitado, ser disciplinado e trabalhar as habilidades comunicativas para convencer com argumentos os demais sobre suas propostas. Caso o trabalho seja em grupo, precisa, ainda, aprender a lidar com o modo de ser dos seus colegas e direcionar os esforços do grupo para um objetivo comum.
Desta forma, a utilização de estratégias que leve em consideração as necessidades do cenário atual podem ser mais eficazes e apresentar melhores resultados na compreensão e performance no aprendizado e na aplicação do conhecimento, uma vez que o estudante desenvolve mais competências e habilidades por meio de práticas interativas e colaborativas de ensino.
A sala de aula deve ser um reflexo do mundo para o qual estamos preparando os estudantes. Se as expectativas almejam que eles criem e inovem, logo nossas salas de aulas devem ser lugares criativos e inovadores para aprender.
Nesse contexto, teorias, fórmulas e conceitos continuam tendo importância, mas deixam de ser o único foco.
Possibilitar o desenvolvimento do protagonismo dos estudantes os auxiliará a compreender o mundo e transpor em algo concreto para transformar a própria vida ou da comunidade. Em outras palavras, serão capazes de propor soluções para problemas reais e transformar as ideias em realidade com foco no desenvolvimento de uma postura resolutiva.
Vivemos em um mundo dominado pelas tecnologias. Smartphones, tablets, computadores, diferentes tipos de máquinas e até robôs têm feito parte do nosso cotidiano de maneira cada vez mais intensa. Estamos vivenciando a transformação de um objeto analógico em inteligente, em um contexto que envolve volume significativo de dados (Big Data) processados, ocasionando a possibilidade de conhecer cada vez mais os sujeitos no que tange ás suas preferências, seus hábitos, desejos e assim, o direcionamento das suas escolhas por meio da cultura digital.
Como instituição educativa, é fundamental investir no uso de tecnologias, criar espaços inteligentes, elaborar materiais digitais, fomentar o desenvolvimento de um mindset capaz de transformar ideias em realidade. No entanto, é mandatório que essas tecnologias venham acompanhadas de práticas pedagógicas capazes de desenvolver as competências profissionais.
A aprendizagem personalizada refere-se ao resultado do processo que consiste na aplicação de estratégias que respeitem as limitações e talentos de cada um, levando em consideração o fato de que o aprendizado ocorre por meio de diferentes maneiras e velocidades, e que seus conhecimentos prévios, habilidades e interesses podem variar muito.
Combinações com a previsão da criação de objetos de aprendizagem como o microlearning, vídeos, conteúdos em áudios, disciplinas presenciais, disciplinas online, ensino telepresencial, atividades síncronas e assíncronas, laboratório de simulações virtuais, roteirização de atividades, semanas de imersões presenciais e online, meetups etc., são apenas alguns exemplos que podem ser incorporados na modelagem pedagógica que torna o ensino presencial cada vez mais flexível e personalizado.
Trata-se de uma iniciativa individual, com ou sem auxílio de outros (estudantes, professores, tutores, monitores etc), cujo objetivo seria diagnosticar as próprias necessidades de aprendizagem e dedicar tempo e energia para aprender algo novo. A autoaprendizagem é uma habilidade que auxilia a própria pessoa a aprender e entender os fenômenos por conta própria por meio do processo de coleta, processamento e apropriação de novos conhecimentos. Permitir um dia ou um momento livre para dedicação no processo de autoaprendizagem cria condições da ampliação do repertório de possibilidades dos estudantes.
Com a utilização da automação, transformação, e obsolescência contínua de habilidades, as instituições educativas já perceberam que fornecer uma prática cada vez mais digital, contextualizada, significativo e centrado nas pessoas, tornará o modelo acadêmico mais competitivo, no entanto, será preciso um novo perfil de professor.
Ao abordar o papel do professor na contemporaneidade reforça-se a ideia da mudança do sage on the stage para guide on the side, ou seja, sair de uma postura sábio no palco para guia ao lado e isso implica na apropriação de competências diferentes do que outrora era crucial.
Considerando a necessidade do desenvolvimento das habilidades, os professores precisarão acumular o conhecimento sobre diversas metodologias que oportunizam a realização de projetos, experiências, desenvolvimento de competências digitais e o empreendedorismo, o papel do educador é fundamental para promover essa mudança e levar os estudantes a esse estado de mobilização e descoberta.
A redução significativa do número de estudantes no modelo presencial observados no contexto vigente é decorrente do fato de que o mercado e as tecnologias vêm mudando exponencialmente, portanto, não faz mais sentido manter um modelo sem aderência ao momento atual.
Defende-se que uma modelagem pedagógica híbrida oferece uma opção criativa para professores e líderes acadêmicos para que eles possam disponibilizar conhecimentos aos estudantes mesmo fora das quatro paredes da sala de aula.
Este encaminhamento, otimiza e maximiza a produtividade durante os momentos presenciais, além de gerar economia com a diminuição de recursos no transporte, tempo, alimentação fora, ou mesmo compra de livros e materiais de papelaria, com os momentos mais on-line e flexíveis, consequentemente, aumentando a percepção de valor da experiência de aprendizagem pelos estudantes por estar em convergência com o atendimento das singularidades e demandas do sistema produtivo atual.
Por: Thuinie Daros | 31/10/2022