NOTÍCIA

Edição 270

Inovações na educação e melhora no ensino

Startups buscam resolver demandas históricas da educação. Levam as IES para novo cenário do ensino e aprendizagem com soluções tecnológicas e escaláveis

Publicado em 13/10/2022

por Raul Galhardi

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Seja para ampliar o acesso à educação, diminuir custos, aproximar a academia do mercado, melhorar processos ou o relacionamento com os estudantes, as edtechs estão se tornando parte importante da realidade da educação superior brasileira. Com o acelerado avanço tecnológico e informacional, é preciso que as IES se utilizem de novas estratégias e ferramentas para acompanhar as transformações exigidas pelo mercado e sociedade.

O termo “edtech”, que surgiu da junção das palavras “education” e “technology”, serve para designar startups que propõem soluções na área da educação. Elas possuem duas características básicas, que são o uso da tecnologia para facilitar e aperfeiçoar processos e a aplicação sistemática de conhecimento científico para tarefas práticas.

Startups buscam resolver demandas históricas da educação

Estima-se atualmente que existam 566 startups ativas na área no Brasil, segundo dados do Mapeamento Edtech 2020 realizado pela Abstartups (Associação Brasileira de Startups). A maioria delas está localizada na região Sudeste (58,7%), especificamente São Paulo (37,8%), Rio de Janeiro (9,7%) e Minas Gerais (9,5%). Desse total, 11% atuam no ensino superior, com 22,9% atuando de forma combinada nos segmentos da educação básica e superior.

Leia: Novos concorrentes das IES miram tecnologia

“As edtechs surgem para trazer inovação a um mercado que enfrenta muitos desafios. Elas beneficiam o setor de educação, especificamente o ensino superior, com inovação, oferecendo soluções simplificadas e automatizadas para problemas antigos”, afirma Isabella Stulp, CEO e cofundadora da Realize, ferramenta de gestão e criação de materiais didáticos.

Stulp conta que ela e seus sócios, que já atuavam há alguns anos no mercado de EAD, sentiram a necessidade de otimizar o processo produtivo de produção de disciplinas online. “Nos sentíamos frustrados com as dificuldades que enfrentávamos todos os dias. Os procedimentos eram manuais e repetitivos, a gestão desses projetos supercomplexa e as demandas grandes. Em determinado momento, conversamos e tivemos a ideia de desenvolver um sistema para automatizar todo esse processo.”

Diante desses desafios, foi criada a startup, que tem como objetivo resolver problemas de planejamento, gestão e criação de disciplinas online, englobando a organização do fluxo de produção, prazos, delegação de responsáveis, acompanhamento do status do projeto e o processo criativo do material didático.

“Oferecemos ferramentas de edição de conteúdo que possibilitam a inserção de recursos interativos e visuais, acessibilidade, exercícios, gráficos interativos, etc. Ou seja, ao otimizar o processo produtivo e automatizar tarefas, reduzimos custos, agilizamos a produção e eliminamos a necessidade de trabalhar com várias ferramentas ao mesmo tempo”, afirma Stulp.

Habilidades para o mercado

Pesquisa recente que analisa o nível de preparo dos recém-formados para exercer a profissão, apresentada pela ABMES, revela um cenário muito preocupante para o Brasil. Enquanto 62% dos recém-formados e 69% dos gestores acadêmicos indicam um alto grau de preparo na formação dos estudantes, apenas 39% dos empregadores consideram os alunos preparados para a profissão.

“Segundo a consultoria de gestão americana Korn Ferry, o Brasil tem o 2º pior gap de competências do mundo e o pior das Américas. Isso vai nos custar, até 2030, cerca de R$ 800 bilhões”, diz Fernanda Verdolin, CEO e founder da Workalove, plataforma de desenvolvimento de carreiras para instituições de ensino.

Com o objetivo de reduzir esse “gap” entre o perfil do estudante e o mercado de trabalho foi criada a empresa, que tem contribuído com o aumento da empregabilidade dos jovens e com a redução da evasão escolar. “O software consegue ajudar as instituições de ensino a modelar seus currículos pedagógicos com as exigências e tendências do mercado de trabalho, captar mais alunos, reduzir evasão e criar relacionamento com os egressos para oferta de educação continuada”, explica Verdolin.

Em menos de quatro anos de atuação, a edtech se tornou referência na implantação da cultura de carreiras para as instituições de ensino no país com quase um milhão de estudantes impactados, mais de dez mil empresas cadastradas e três mil instituições de ensino que estão se transformando em grandes centros de promoção do desenvolvimento econômico e inovação do país com uma experiência focada no estudante.

Ecossistema de edtechs

Buscando reunir soluções educacionais confiáveis em uma única plataforma, a “solution hunter” Fernanda Furuno cofundou o Ecossistema Simplifica Edtechs, do qual fazem parte, entre várias empresas do setor, a Realize e a Workalove.

“Convidei e reuni as empresas em 2021 em tempo recorde (2 meses, com 100% de adesão) e organizei o lançamento do ecossistema entre novembro e dezembro daquele ano com uma série de lives pela Abed (Associação Brasileira de Educação a Distância), onde discutimos sobre a Universidade 5.0. No início deste ano, lancei o site e fiz o envio de um ‘mimo’ (calendário físico) para mais de 200 contatos do setor”, diz Furuno.

Hoje, essas empresas estão mais conectadas, gerando negócios e parcerias em conjunto com as IES. “Já estamos sendo vistos pelo mercado como um hub de soluções para o ensino superior, participando de eventos da área tanto online como presenciais de forma próxima e ampliando gradativamente nossa visibilidade e conexões”, afirma ela.

Para a cofundadora do Simplifica, “estar atento às demandas do mercado educacional e profissional é sem dúvida uma oportunidade para gerar soluções que contribuam com as demandas estratégicas do setor, como captação, permanência e desempenho dos alunos. E pedagógicas, como produção de conteúdo, uso de metodologias ativas, aprendizado híbrido e adaptativo, etc.”.

Leia também: Fintech Pravaler amplia portfólio

A matéria sobre as edtechs faz parte da edição 270 (outubro/2022) da Revista Ensino Superior. Assine.

Autor

Raul Galhardi


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