NOTÍCIA
O currículo dos cursos de Pedagogia não atende às necessidades de uma formação integral que corrobore para transformar o país pela educação
Publicado em 27/01/2020
Por Leonora Pilon Quintas, Denise Elisabeth Himpel e Marcia Maria de Freitas Hauss*
Para iniciar o diálogo sobre o tema, vamos começar com uma pergunta: você já viu ou vivenciou uma situação na qual o professor aponta um erro ao aluno e esse sai apagando tudo e reproduz a resposta dada pelo professor?
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Essa é uma exemplificação bastante simples e corriqueira: a resposta da “verdade” expressa pelo professor cria um abismo entre o que o estudante sabe e aquilo que deveria saber.
Esse cenário educacional bastante comum nas salas de aula traz consigo uma história alicerçada na função da educação que por muito tempo manteve o professor no centro das relações ensino-aprendizagem, único detentor dos saberes e delegando o insucesso exclusivamente ao aluno. Não se trata aqui de culpar os envolvidos, mas de situar claramente a função e responsabilidade de cada um.
Então, resgatamos um conceito de suma importância, a autonomia. O estudante deveria ser capaz de justificar suas escolhas autonomamente, em detrimento daquela resposta produzida pela obediência heterônoma.
Muitos autores da literatura e experiências nacionais e internacionais apontam que, para a construção do conhecimento, o estudante necessita agir sobre e com os objetos da aprendizagem, assumindo uma postura investigativa sobre os seus próprios mecanismos para aprender. Esse comportamento possibilita ao estudante ser o protagonista do seu percurso formativo.
Nesse sentido, cabe ao educador ajudá-lo a transformar as estratégias intuitivas em conhecimento explícito para desenvolver a capacidade de coordenar e adaptar os conhecimentos construídos em novas situações.
Mediante essa intenção, a aprendizagem não pode ocorrer segmentada por definições e modelos, mas na atividade de resolução de problemas enquanto metodologia para a construção das diferentes ideias que compõem um conceito.
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Além disso, o conteudismo se distancia cada vez mais das tendências atuais: um ensino estruturado por habilidades e competências. O modelo disciplinar isoladamente implica uma formação fragmentada inviabilizando a capacidade de articular e sintetizar os saberes de forma interdisciplinar.
Nessa perspectiva, mais difícil ainda é formar um professor capaz de lidar com gerações tão diferentes dele mesmo e com um currículo escolar no qual predomina a dissonância entre teoria e prática. E quando se trata da licenciatura em Pedagogia no ensino superior, essa perspectiva é alarmante.
Convém salientar uma pesquisa de Bernardete Gatti (2010) que, ao estudar os currículos de Pedagogia e algumas licenciaturas, indicou que apenas 0,6% deles estavam relacionados ao fazer docente.
Também ressaltamos o relatório publicado pela ONG Todos pela Educação denominado “Educação Já” no qual a “Pesquisa Profissão Docente” indica que 71% dos professores afirmam a formação inicial no ensino superior ser insuficiente para a prática como docente.
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Quando o currículo brasileiro é comparado torna-se visível o não atendimento às necessidades de uma formação integral que corrobore para transformar o país pela educação. Então, como deve ser o currículo da licenciatura para formar professores e estudantes protagonistas?
Acreditamos que esse caminho passa pelo desenvolvimento do protagonismo do aluno, tendo seus professores atuando como mentores e mediadores na construção do conhecimento, como é o caso da proposta curricular adotada no Grupo Ânima em seu novo curso de Pedagogia.
São exemplos que merecem ser observados. Fato é que tais indicativos apresentados já nos colocam algumas possibilidades. Agora, temos pela frente o desafio de concretizá-lo.
*Leonora Pilon Quintas, Denise Elisabeth Himpel e Marcia Maria de Freitas Hauss atuam no grupo Ânima, onde exercem as funções de gerente de Avaliação, gerente do Ensino Híbrido e gerente da Formação Docente, respectivamente.
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