NOTÍCIA
Mário Vicente Guimarães, docente na da Anhembi Morumbi, presta atendimento médico a pessoas sem teto desde 2015 e conta com sete mil voluntários
Publicado em 18/11/2019
Faltam números exatos sobre a quantidade de moradores de rua nas grandes capitais brasileiras. Em São Paulo, estima-se a existência de 32,6 mil pessoas nessa situação, número que pode estar defasado a julgar pela quantidade de atendimentos prestados nas calçadas pela prefeitura: em 2018, em torno de 105,3 mil pessoas foram abordadas nessa condição.
São milhares de pessoas desamparadas, mas que não passam despercebidas. Tem quem se sensibilize e ajude, como é o caso do neurologista Mário Vicente Guimarães. Desde 2015, ele presta atendimento médico a pessoas sem teto e, graças à sua enorme capacidade de mobilização, o professor do curso de Medicina da Anhembi Morumbi conseguiu montar uma equipe de 7 mil voluntários espalhados por diversas cidades brasileiras, onde eles realizam os mais variados serviços de saúde, incluindo atendimento veterinário, odontológico, pediátrico e de pré-natal. Mais recentemente, o professor conseguiu incluir o atendimento jurídico no trabalho que realiza.
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Os moradores de rua são alvo de um projeto específico que, somente na cidade de São Paulo, consegue beneficiar 300 pessoas por mês. Em 14 tendas montadas nas proximidades do Pateo do Colégio, no centro da cidade, Guimarães e sua equipe fazem consultas e uma série de exames, desde os mais simples (como os de sangue) até os mais complexos, como ultrassom e ecocardiograma.
Cada mutirão conta com a participação de profissionais da área da saúde e de alunos dos cursos de Medicina, Odontologia, Medicina Veterinária, entre outros. O curioso é que os jovens voluntários não vêm exclusivamente da Anhembi Morumbi. A iniciativa é tão bem-avaliada que atraiu a participação de estudantes de outras instituições, como Unicid, Uninove, Faculdade de Medicina do ABC e Universidade de Santo Amaro.
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Hoje as ações integram as atividades da ONG Médicos do Mundo, fundada pelo professor em 2017. Além de atender pessoas desabrigadas, a organização presta suporte a populações ribeirinhas, amazônicas, sertanejas, indígenas e até de países da África.
Para os alunos, o maior ganho é o desenvolvimento da empatia, avalia Guimarães. “Muitos chegam ‘presos’ aos aspectos técnicos, mas conseguem estreitar os laços humanos com pessoas em situação de vulnerabilidade. Eles também aprendem a trabalhar em equipes multidisciplinares de comando descentralizado.” Para as pessoas atendidas, o médico acredita que a ONG consegue lhes devolver “seus direitos e sua cidadania”.
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