NOTÍCIA

Ensino edição 237

Estratégias didáticas assimétricas

Como uma nova filosofia de alocação de ativos no mercado financeiro pode ajudar professores a conquistar grandes ganhos de aprendizagem, mesmo investindo pouco em inovação acadêmica

Publicado em 24/03/2019

por Redação Ensino Superior

estrategias-ensino-superior Foto: Shutterstock

Por: Paulo Tomazinho*

A teoria da antifragilidade apresentada pelo economista e matemático Nassim Taleb na obra Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos (Best Business, 2014) tem mudado a composição de muitas carteiras de investimentos. Sua estratégia de barras – ou estratégia assimétrica de investimentos – propõe que apenas uma pequena parcela de 1% a 10% dos ativos seja aplicada em negócios de alto risco, como as ações.

A ideia dessa prática é permitir que o investidor proteja a maior parte de seu capital e coloque em risco apenas uma pequena fatia dele. Essa pequena fatia, contudo, pode gerar grandes ganhos, provocando um retorno assimétrico em comparação com as perdas.

Mas como isso se aplica à educação? Ainda hoje, na maioria das instituições de ensino, o modelo dominante é o do ensino tradicional, centrado no professor, baseado em conteúdo e avaliado por provas bimestrais. Em grande parte, isso acontece

A porque a atual geração de professores foi educada dessa forma. Eles sentem-se seguros em ensinar assim, e temem, de certa forma, o novo.

Por outro lado, a evidência científica mostra que as abordagens pedagógicas que promovem o engajamento interativo entre estudantes, o feedback imediato e a colaboração, por exemplo, promovem um ganho de aprendizagem muito maior.

É nesse ponto que entra a estratégia de barras assimétricas na educação. A proposta é encorajar os docentes mais resistentes a mudanças a dedicar de 10% a 20% do tempo de suas aulas a atividades centradas nos estudantes, como as discussões em grupo e as práticas do “aprender fazendo” e “aprender ensinando outros colegas”. Esses recursos são muito mais eficazes que a aula expositiva e a leitura individual, como confirmam algumas pesquisas.

Os professores permanecerão na zona de conforto na maior parte do tempo e “arriscarão” apenas uma pequena parte da aula com inovações acadêmicas. No entanto, tal como no exemplo do mercado financeiro, essa parte poderá resultar em um ganho de aprendizagem desproporcional ao tempo investido.

A grande vantagem dessa estratégia é permitir que o professor diversifique sua aula no quesito metodológico, ganhe cada vez mais segurança e confiança na utilização de metodologias ativas e contribua com o desenvolvimentos de novas habilidade e competência pelos alunos, utilizando apenas 10% ou 20% do tempo da aula para isso.

*Paulo Tomazinho é doutor em Educação e pesquisador de educação baseada em evidências

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