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AED Tecnologia oferece obras didáticas e de literatura por meio de um tablet e mouse em braile personalizados. Mais de 80 escolas públicas de Fortaleza já adotaram a solução
Publicado em 01/03/2019
Mais de 6,5 milhões de brasileiros têm alguma deficiência visual, de acordo com o IBGE. Muitos deles estão em idade escolar e sofrem com a falta de acesso a materiais didáticos e obras literárias em geral. Muitos também enfrentam dificuldades com a escrita.
Esse é o público da AED Tecnologia, que desenvolveu um tablet e mouse em braile para permitir que pessoas de baixa visão, visão monocular e cegas tenham acesso a livros em braile ou em áudio. Já há mais de 150 livros didáticos disponíveis e o tablet ainda oferece acesso à Biblioteca Acessível, um servidor em nuvem com 700 obras de literatura geral.
“O que observamos é que muitas soluções nessa área são voltadas para a conversão em áudio ou apenas braile. É difícil encontrar um meio termo e a nossa solução converge tudo o que existe e com um custo acessível para chegar no interior dos estados”, explica o diretor executivo da AED, Heyder Leão.
A tecnologia está presente no ensino fundamental de 82 escolas públicas municipais de Fortaleza. Segundo a edtech (startup voltada para educação), a prefeitura gerou uma economia de mais de R$ 9 milhões na compra de livros em braile nos últimos cinco anos.
Durante suas pesquisas para desenvolver a ferramenta, Heyder percebeu a dificuldade de alguns deficientes visuais com a ortografia tanto pela falta de prática quanto pela dificuldade de conferir o que escreveram.
A partir dessa observação, hoje o produto desenvolvido pelo empreendedor permite que estudante use o teclado convencional e, com mouse em braile, confira sua escrita. Ele também pode ouvir o que escreveu se for cego.
A plataforma é vendida e tem opção de uma mensalidade para atualizar os softwares e conteúdo.
A AED pretende criar uma estrutura com Big Data para fazer uma análise qualitativa da evolução do aluno durante a trilha de aprendizagem. “Eles já estão lendo mais e queremos que essa leitura aumente e aconteça de forma mais fluida e coesa.”
A preocupação do diretor é com a inserção dessas pessoas no dia a dia, que precisam ganhar autonomia. “Eu não posso inserir a criança dentro da sociedade sem que ela possa ler uma receita de bolo, um contrato ou manual. Se não souberem o básico, o que serão dessas crianças?”, questiona.
No ano que vem, as ferramentas da startup entrarão no ensino médio de escolas públicas da Paraíba. O grupo também está desenvolvendo uma plataforma para uma aluna de uma instituição pública de ensino superior.
A AED nasceu em 2010 dentro da incubadora de empresas do Instituto Federal do Ceará. O desenvolvimento da ideia e o protótipo vieram com o investimento de R$ 200 mil da Funcap (Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Atualmente, a startup faz parte do programa de aceleração InovAtiva, que, segundo o diretor executivo, é fundamental para a trajetória de qualquer empreendedor.
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