NOTÍCIA
Competições para treinar a capacidade de explanação e argumentação se proliferam pelo país
Publicado em 12/09/2017
Na Espanha, os jovens universitários estão cada vez mais interessados em participar de torneios de debates, onde podem exercitar a arte de falar bem em público. Reportagem do jornal El país informa que há cinco anos eram realizadas em torno de cinco competições anuais do gênero, número que hoje subiu para 30. Nesses desafios, os estudantes simulam a participação em eventos como os da ONU e discorrem sobre política, economia e temas gerais.
O interesse dos jovens em participar dessas atividades se deve à valorização pelo mercado de trabalho da capacidade de explanação e argumentação. Ciente disso, as instituições de ensino deveriam trabalhar essas habilidades nos cursos de graduação e pós-graduação, o que não vem ocorrendo de forma massiva, apontaram algumas fontes ouvidas pelo jornal.
Uma aluna entrevistada conta que foram os próprios alunos da Universidad Autónoma de Madrid que fundaram o grupo que hoje se dedica a promover as simulações de debates. “Em nenhuma etapa educativa se ensina como eleger o conteúdo mais relevante [em uma apresentação] e técnicas para ser mais persuasivo e convincente”, declarou Irene Miguelsanz, de 25 anos. Além de promover competições, o clube montado pelos estudantes promove atividades de capacitação a um custo de 15 euros por ano.
No Reino Unido, os empregadores também estão atrás de profissionais com boa oratória. A Comissão para o Emprego do governo britânico ouviu mais de 91 mil empregadores a respeito das pessoas que se candidataram a uma vaga em 2016. Questionados sobre a competência mais escassa – e também a mais desejada – , a maioria destacou a comunicação oral, a capacidade de persuasão e influência e a habilidade para elaborar discursos e apresentações.
Também vem do Reino Unido uma pesquisa que mostrou que a oratória não garante apenas bons empregos. Um estudo conduzido em Cambridge University mostrou que as crianças que aprendem técnicas para falar em público e se saem bem-sucedidas também conseguem melhores notas em matemática e ciências. Segundo o professor Neil Mercer, que liderou o estudo, o objetivo da prática da oratória no século 21 é fazer com que as pessoas ganhem a confiança necessária para poder compartilhar em público pensamentos e ideias criativas de forma que os demais se sintam atraídos.