NOTÍCIA
Obra destaca a importância do trabalho conjunto entre o professor de educação especial e o regular
Publicado em 08/07/2015
Em meados dos anos 1990, duas importantes conferências – a conferência Mundial de Educação Para Todos, realizada em Jomtien, Tailândia (1990), e a Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade, ocorrida em Salamanca, Espanha (1994) – trouxeram à luz a problemática das exclusões social e educacional sofridas tanto pelas pessoas com deficiência quanto por aquelas pertencentes a grupos minoritários.
O Brasil foi partícipe de tais movimentos e, desde então, muito se discutiu por aqui sobre inclusão escolar. Todavia, concretizar em práticas educativas o princípio de inclusão escolar é um processo permeado por tensões e certa complexidade. Mas a obra Ensino colaborativo como apoio à inclusão escolar: unindo esforços entre educação comum e especial (Edufscar, 2014) nos apresenta caminhos para superar as barreiras de aprendizagem do público-alvo da educação especial. É uma publicação importante, especialmente se considerarmos a carência que as instituições de ensino possuem de ações pedagógicas que auxiliem o processo de escolarização bem-sucedida do aluno com necessidade educacional especial.
Ensino colaborativo como apoio à inclusão escolar: unindo esforços entre educação comum e especial, de Enicéia Gonçalves Mendes, Carla Ariela Rios Vilaronga e Ana Paula Zerbato (Edufscar, 162 págs., R$ 32,00) |
Resultado de quase duas décadas de investigação conduzida por Enicéia Gonçalves Mendes, Carla Ariela Rios Vilaronga e Ana Paula Zerbato, o livro evidencia, ao longo de seus sete capítulos, que a parceria entre professores é uma ferramenta viável para a realidade brasileira. Nele assevera-se que, embora seja algo desafiador, o trabalho colaborativo efetivo entre o professor da classe “comum” e o de educação especial minimiza as dificuldades de acesso ao currículo do público-alvo da educação especial, além de ser um importante instrumento para o desenvolvimento profissional dos professores envolvidos no processo. As autoras apresentam argumentos cuidadosamente alicerçados em investigações que apontam para a fragilidade do modelo atual, e ainda trazem também um referencial teórico com diversos estudiosos estrangeiros apontando a pertinência destes para o contexto educacional brasileiro.
Longe de ser algo simplista como colocar dois professores atuando juntos em uma sala, no livro há o argumento de que o coensino é uma ruptura no modo de conceber o ensino que favorece a superação de dificuldades provenientes do processo de ensino e aprendizagem dos alunos. O livro traz ainda, no apêndice, os instrumentos utilizados nas investigações, o que deve contribuir para os interessados em realizar novos estudos envolvendo a temática.
Ione Arsenio da Silva é doutora em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (Ufscar)