NOTÍCIA

Políticas Públicas

Os fatores do Ideb

Análise mostra a correlação entre o índice e fatores internos e externos à escola

Publicado em 03/02/2014

por Marina Kuzuyabu

O rendimento escolar dos alunos é comumente associado a fatores intrínsecos e extrínsecos à escola. Com base nesse entendimento, os pesquisadores Paulo Roberto Corbucci e Eduardo Luis Zen, ambos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), realizaram um levantamento para analisar as possíveis correlações entre o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) e alguns desses componentes. No grupo dos elementos externos à vida estudantil foram consideradas a renda domiciliar per capita; as condições de moradia existentes em cada município brasileiro; e a taxa de alfabetização da população de 18 a 64 anos, que corresponde à faixa etária adulta com mais probabilidade de ter filhos, irmãos ou netos frequentando o ensino fundamental.

Dos aspectos intrínsecos, foi analisada a situação dos municípios em relação à infraestrutura pedagógica da escola (a existência de biblioteca, laboratório de informática, laboratório de ciências e quadra de esportes). Publicado na edição 2013 da série Brasil em desenvolvimento: Estado, planejamento e políticas públicas, o levantamento do Ipea se restringe aos estabelecimentos de ensino urbano e aos anos iniciais do ensino fundamental, ou seja, do 1º ao 5º ano.

Os resultados indicaram a existência de correlação positiva entre os fatores analisados, mas um deles se destacou: a correlação entre o Ideb e o Índice das Condições Sociais (ICS) dos municípios, que foi de 72%. Quanto maior o valor, maior a relação entre os itens.

Para fazer a verificação, os municípios foram classificados em quatro categorias de ICS, indicador obtido pela média aritmética entre o Índice de Condição de Habitação (ICH), a taxa de alfabetização e a renda domiciliar per capita: muito baixo; baixo; médio; e alto. Para o estudo, os escores do Ideb também foram agrupados em baixo (até 3,9), médio inferior (de 4,0 a 4,9), médio superior (de 5,0 a 5,9) e alto (acima de 6,0).

  Como mostra o gráfico, é maior a probabilidade de se obter uma pontuação elevada no Ideb quando há um maior número de fatores sociais adequados. Entre os municípios com ICS muito baixo, 85% deles apresentam Ideb baixo. Mas nas cidades com ICS médio e alto, respectivamente, esse percentual cai para 4,2% e 0,4%. Apesar disso, dois municípios com ICS muito baixo obtiveram Ideb de pelo menos 5,0. Segundo os pesquisadores, fatores não captados pelas bases de dados quantitativos podem ter compensado as deficiências estruturais das escolas e a situação socioeconômica dos estudantes. Entre esses possíveis elementos, eles mencionam uma boa gestão escolar e a existência de projetos pedagógicos consistentes.

Autor

Marina Kuzuyabu


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